segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Na próxima terça-feira é dia de "Fórum de Saúde", na UERJ

Nesta terça-feira (27), acontece o "Fórum de Saúde", promovido pela Faculdade de Serviço Social da UERJ, através do “Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselheiros do Rio de Janeiro”, dando prosseguimento ao Ciclo de Debates e Fórum de Saúde.


O Fórum de Saúde inicia-se a partir das 18h até às 21h, no 9º Andar, Bloco "D", com os seguintes temas:

- Informe das Entidades e Movimentos Sociais


- “Midia e Democratização da Informação” , com a participação do Assistente Social Leandro Rocha* e Jefferson Lee**




* Leandro Rocha, Assistente Social, autor do artigo "Na mira da mídia: reflexões sobre as relações entre mídia, crime e identidade." in: SALES, Apolinário Mione; RUIZ, Souza de Lee Jefferson (orgs.). Mídia, Questão Social e Serviço Social, SP - Cortez Editora, 2009.

** Jefferson Lee, Assessor Político do CRESS 7ª Região/RJ, Co-organizador do livro Mídia, Questão Social e Serviço Social. SP - Cortez Editora, 2009.

Editoria Caleidoscópio Baiano

Centro de Comunicação Democracia e Cidadania – CCDC


Eu tinha me programado hoje para mandar notícias da Conferência Estadual de Comunicação que aconteceria em Salvador dias 24 e 25 últimos, mas ela foi adiada para 14 e 15 de novembro e a minha pauta caiu. Problemas operacionais ou políticos? Desmobilização? Não sei detalhes, mas vou apurar. Estranho porque a Bahia largou na frente de todos os estados, realizou uma Conferência o ano passado após uma intensa mobilização nos seus 417 municípios, com a presença de muitos delegados.
Para não “perder a viagem” e aproveitar este nosso encontro semanal, fui cobrir o lançamento do Centro de Comunicação Democracia e Cidadania, dia 22, no auditório da Faculdade de Comunicação (Facom) da UFBa. Repórter “foca” é assim corre atrás da notícia... Confiram o site
www.ccdc.ufba.br para conhecer melhor a iniciativa.
O evento deu voz aos parceiros que se reuniram para produzir estudos e discutir a política pública de comunicação na Bahia e no Brasil: a organização não governamental Cipó Comunicação Interativa(
www.cipo.org.br) , a Facom (www.facom.ufba.br) e o Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social(www.intervozes.org.br).
Eu respeito muito o trabalho da Cipó na formação de jovens comunicadores no subúrbio de Salvador e no semi-árido baiano e estagiei lá no final do meu curso de Jornalismo. Ela mantém uma agência de notícias coordenada por jovens em Feira de Santana, um centro digital no Pelourinho, e muitos outros projetos apoiados pelo Unicef e a Agencia Nacional do Direitos da Infância-Andi.
Na mesa redonda do evento, Tânia Cordeiro, do Fórum Comunitário de Combate a Violência, criticou a atuação da mídia na “espetacularização” dos casos de violência. De fato, a forma como é construída a noticia e a representação social do acusado, violam os princípios mais caros dos direitos humanos porque pré-julga,condena antes mesmo da atuação do poder judiciário.
Nilton Lopes, da Cipó, destacou o papel do movimento social na construção das conferências de comunicação e chamou atenção para a presença dos empresários do setor neste debate.Observo que aqui na Bahia esta “aliança” com os empresários de comunicação vem tentando construir um campo de interesse comum, de diálogo. Vamos ver os desdobramentos desta convivência quando os interesses econômicos entrarem em cena.
Sinvaldo Pereira, do Intervozes, apresentou em linhas gerais as propostas do coletivo para um programa de efetivação do direito humano à comunicação no Brasil .
No final, foi lançado o livro “Sistemas públicos de comunicação no mundo: a experiência de doze países e o caso brasileiro”, da Editora Paulus. Trata-se de uma pesquisa que revela aspectos como perfil, modelo de gestão, financiamento e programação dos sistemas públicos de 12 países da América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e Oceania. Bem interessante para refletirmos sobre os desafios para a constituição de um autêntico sistema público de comunicação no Brasil. O livro está disponível em versão PDF no site do Intervozes. Confiram e comentem. Até mais ver...


Claudia Correia, assistente social, jornalista, Mestre em Planejamento Urbano ccorreia@yahoo.com.br

domingo, 25 de outubro de 2009

EXISTIRMOS, A QUE SERÁ QUE SE DESTINA






















[René Magritte]



Dentro da série de reflexões sobre o binômio "consumo e mídia" e movidos pela perspectiva de defesa da autonomia dos sujeitos e da cidadania como direito a uma livre e diversificada oferta cultural, ao lazer e às experiências de criação individual e comunitária, (re)publicamos aqui uma crônica de Frei Betto. Ela vem se somar aos preciosos argumentos do prof. Mário Sérgio Cortella e do documentário "Criança: a Alma do Negócio", cujos links recentemente divulgamos, convidando os leitores do blog a assisti-los ("12 de outubro" - A pureza da resposta das crianças). Tamanha é a atualidade do texto de Frei Betto que o artigo poderia ter sido escrito ontem, mas não o foi. Deixemos, então, que vocês, blogonautas do nosso Mídia & Questão Social, se deleitem, primeiro, com a pluma crítica do ex-dominicano, autor de Batismo de Sangue - o qual mergulha filosófica e politicamente na imensidão das águas da pergunta do poeta Caetano Veloso -, para depois conferirem onde e quando essa crônica foi publicada.

Um abraço,
Equipe do Blog Mídia & Questão Social

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CONSUMO, LOGO EXISTO -
Frei Betto

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome.
Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.
O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc.
A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte.
Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens".
Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social.
Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignar o da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essainteração matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígine cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux.
A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela...
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberalnos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder.
Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privadosdesse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia.
Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.
Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações devizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maiorque a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói." E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo umpasseio socrático", respondo. Olham-me intrigados.
Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz".


Publicada em 22/09/2006. Confiram também no link abaixo :http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=24552]

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Seminário Nacional A Mulher e a Mídia 6


Abertas as pré-inscrições



até 26/10

 Seminário Nacional A Mulher e a Mídia 6

Rio de Janeiro, de 6 a 8 de novembro de 2009


Feminismos e as ligações França-Brasil nos 60 anos de publicação de O Segundo Sexo

e Debates e Propostas para a 1ª Confecom

Programação

Dia 06\11 – sexta feira, 14h

Evento Especial
O Feminismo e as ligações França-Brasil - Os 60 anos de O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir

Dia 07\11 – sábado, 9h

Abertura

9h30 - Mulher, Mídia e Convergência das Comunicações

14h - TV Pública e Promoção da Igualdade de Gênero no Ambiente de Convergência das Comunicações

Dia 08\11 – domingo, 8h30

9h - Produção de Conteúdos nas Perspectivas de Gênero, Raça/Etnia e Orientação Sexual

13h30 - A Conferência Nacional de Comunicação e o Olhar das Mulheres

16h - Construindo Propostas de Promoção para a Igualdade de Gênero

18h - Encerramento

Realização

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM)

Instituto Patrícia Galvão – Comunicação e Mídia

Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Mulher (Unifem)


Pré-inscrições

O Seminário A Mulher e A Mídia 6 tem número limitado de vagas e pré-inscrições gratuitas

Atenção: faça sua pré-inscrição até 26\10 e aguarde a confirmação de sua vaga em e-mail a ser enviado pela organização do Seminário.

Preencha a ficha de pré-inscrição anexa, que deve ser enviada para:
mulheremidia6@spmulheres.gov.br


Alimentação e hospedagem

A organização do Seminário oferece almoço e coffee break para todas/os as/os participantes nos dias do evento, mas não arcará com despesas relativas a transporte, frigobar, telefonemas etc.

Para as/os participantes que não residem na região metropolitana do Rio de Janeiro, será oferecida hospedagem (com café da manhã) no Hotel Novo Mundo (Praia do Flamengo, 20)

Inscreva-se já!
O número de vagas é limitado

Mais informações:

Instituto Patrícia Galvão: http://www.patriciagalvao.org.br/ (11) 3266.5434

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: (61) 3411.4300 mulheremidia6@spmulheres.gov.br

domingo, 18 de outubro de 2009

Editoria Caleidoscópio Baiano

VII Conferência Estadual de Assistência Social

Claudia Correia*
*Claudia Patrícia Correia, assistente social, jornalista, Profa.ESSUCSal, Mestre em Planejamento Urbano.
ccorreia6@yahoo.com.br

Tive a oportunidade de atuar como conselheira municipal de Assistência Social na primeira gestão do CMAS, em Salvador, no início da década de 90 e logo em seguida como conselheira estadual. Em ambas as experiências, representei orgulhosamente o Conselho Regional de Serviço Social-Cress/Bahia. De lá para cá, acompanho indiretamente os rumos da política estadual de Assistência Social. Tento contribuir como eu posso para superarmos uma cultura paternalista, impregnada nas relações entre o poder público e a população, em que direito de cidadania ainda se confunde com favor em troca de voto nos mais empobrecidos municípios de um estado de “coronéis” truculentos.

Atendendo ao convite da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social -Sedes, atuei como facilitadora de um grupo temático na VII Conferência Estadual de Assistência Social, de 05 a 08 de outubro, em Salvador. O tema central do evento foi “a participação e o controle social no Sistema único de Assistência Social –SUAS”. Foi uma rica experiência porque permitiu me inteirar sobre os desafios no atual cenário para a efetivação do SUAS nos 417 municípios baianos, com parcos recursos, com uma tímida articulação entre as demais políticas sociais públicas e o antigo vício corporativista que ainda predomina no meio das entidades sociais prestadoras de serviço.

O grupo que coordenei tratou do “protagonismo do usuário, o seu lugar político no SUAS; o trabalhador do SUAS e o protagonismo do usuário; bases para uma relação democrática e participativa” e deliberou três propostas prioritárias a partir de um documento síntese das conferências municipais contendo: pontos forte e fracos e oito indicativos aprovados nestas instâncias.

Alguns aspectos positivos me chamaram atenção: a presença significativa de delegados representando organizações de usuários e conselheiros do bloco não-governamental e a consciência por parte deles que não há controle social sem capacitação e sem democratização de informações técnicas incluindo orçamento, planejamento, normas operacionais e outros instrumentos de intervenção no âmbito da política publica de Assistência Social.

Alguns delegados eram cadeirantes e denunciaram as dificuldades de acesso na cidade diante de muitas barreiras arquitetônicas. Outros só conseguiram chegar à Salvador através de uma liminar, após recorrerem ao Ministério Público, já que o prefeito local tentou impedir a participação deles, desrespeitando a deliberação da conferência municipal. Como a Sedes arcou com as despesas de transporte e hospedagem dos delegados não governamentais, alguns governamentais que não obtiveram o apoio das prefeituras, chegaram aqui com muita garra mas, com o bolso vazio. Há exemplos melhor de cidadania plena?

O grande atraso na programação, provocado pela demora inexplicável do governador Jaques Wagner à solenidade de abertura e pela estéril discussão sobre o regimento, comprometeu a excelente conferência magna, transferida para o dia seguinte. Isso causou enorme prejuízo ao cumprimento de todo o programa e sacrificou o debate fundamental nos pequenos grupos e na plenária final. Alguns esquecem que Conferência não é palanque de comício e que controle social só se dá com efetiva e qualificada intervenção política dos cidadãos.

O que mais me interessou mesmo foi conhecer mais sobre a experiência dos Centros de Referência da Assistência Social-CRAS em três áreas indígenas e em oito comunidades quilombolas da Bahia. Percebi que a capacitação oferecida a estas equipes ainda deixa a desejar, as normas operacionais disponíveis ainda não dão conta do que há de específico nas demandas destes grupos socais tão vulnerabilizados, o deslocamento das famílias e dos técnicos é difícil e os códigos culturais próprios de cada etnia ou grupo nem sempre são bem assimilados pelos gestores.

Notei ainda nos debates uma demanda expressiva para que as Câmaras Municipais regulamentem os benefícios eventuais previstos nesta importante política pública e absorvam melhor as necessidades dos planos de assistência social nos orçamentos municipais aprovados por elas. Outro grande desafio apontado consensualmente é superar a desarticulação entre os órgãos das três esferas de governo na operacionalização dos serviços do SUAS.

A novidade para mim foi conhecer o projeto “benefício de prestação continuada-BPC na escola”, em curso no estado. Ponto para a Sedes. Enfim, saí da Conferência com a sensação de ter valido a pena ter lutado pela Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS, ter brigado nos conselhos que integrei, ter apostado na garra dos usuários e na determinação de técnicos para concretizar uma política que opera direitos e não benesses como moeda de troca no jogo político autoritário num país ainda tão desigual.

Vamos agora à Conferencia Nacional, conscientes de que os avanços ainda são tímidos diante de um cenário de exclusão social e os desafios devem nos estimular a seguir construindo democraticamente a política pública de assistência social, direito do cidadão, dever do Estado.


Seminário Serviço Social, Ética e Mídia: Desafio intelectual na sociabilidade do capital

Acontecerá em 20 de outubro, (terça-feira). Abaixo o convite enviado-nos pela UNISUAM, extensivo aos interessados:


CONVITE

Convidamos os assistentes sociais supervisores de estágio, estudantes e professores da UNISUAM para participarem do seminário que realizaremos em 20 de outubro de 2009 (terça-feira).

Local: Auditório (Centro de Extensão da UNISUAM)


Endereço: Rua Alfredo de Moraes, 548 – Campo Grande.


PROGRAMAÇÃO

14h – Os fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do Serviço Social: de sua gênese aos desafios da contemporaneidade.

Prof. Rodrigo Lima – Prof. do Curso de Serviço Social da UFF/Rio das Ostras

Profª. Newvone Ferreira da Costa – Coordenadora Adjunta do Curso de Serviço Social – Vila da Penha


Profª. Márcia Soares Vieira – Professora da UNISUAM

16h – Repercussões da pós-modernidade na organização dos trabalhadores e os desafios para o projeto ético-político do Serviço Social


Prof. José Eduardo Prates – Cientista Social/UFRJ e Professor da Unisuam


Prof. Dr. Marcelo Braz – Assistente Social e Prof. da ESS/UFRJ

19h – Mesa: "Questão Social, Ética e Direitos Sociais: vale a pena disputar a mídia?"

Jefferson Lee* - Assessoria Político e Acadêmico de Serviço Social

Cecília Contente** - Assessora de Comunicação do CRESS/7ª Região


21h - Lançamento do Livro "Mídia, Questão Social e Serviço Social”, Cortez Editora, e Coquitel.


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* Jefferson Ruiz - Co-organizador do livro "Mídia, Questão Social e Serviço Social"; Co-autor do artigo "Visibilidade do Serviço Social no século XXI: uma das estratégias para consolidação do projeto ético-político profissional".


** Cecília Contente - Co-autora do artigo "Visibilidade do Serviço Social no século XXI: uma das estratégias para consolidação do projeto ético-político profissional".
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Nelma Espíndola
Assistente Social

sábado, 17 de outubro de 2009

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

Política e memória no Cone Sul – Não estamos sós

Nesse ano, comemoramos trinta anos da Virada do CBAS de 1979, em São Paulo, quando a mesa de abertura do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, na ocasião composta por personalidades políticas identificadas com o projeto da ditadura militar, foi deposta por nossa categoria então indignada com esse tipo de concessão « aos de cima ». Em seu lugar, os assistentes sociais que "viraram" simbolicamente a mesa colocaram lideranças, profissionais e pessoas identificadas com os movimentos sociais na luta por melhores condições de vida, trabalho e moradia. Agora em novembro acontecerá um evento em São Paulo de comemoração desse marco político que anunciou uma profunda mudança na direção social da profissão de Serviço Social no Brasil, em seus currículos e código de ética, com a (re)criação também de novas entidades da categoria. Um novo tempo ali começava...

No entanto, para as novas gerações que felizmente não experimentaram nem na pele nem na mente a opressão da ditadura militar, segue aqui a título de memória um pequeno ensaio de um fotógrafo argentino que dá a ideia da perda, não somente politica, mas também afetiva, familiar e pessoal do desaparecimento de militantes dos anos 60 e 70. Ele retrata militantes argentinos, mas eles poderiam ser também brasileiros, chilenos, uruguaios... Isto mostra que não estamos sós, na América do Sul, nesse balanço das conquistas, saldo de dores e na resistência passada e presente em nome da luta e do direito à vida como deve ser vivida, tal qual aspirava o poeta-cantor Gonzaguinha: uma vida com menos ilusão e mais batidas do coração, com mais maravilhas do que sofrimento, assim como com mais alegrias do que lamento.

Nossa saudação a Gustavo Germano e também à amiga e colaboradora, a economista gaúcha Aurea Breitbach, por nos apresentar esse belo ensaio, que aqui compartilhamos com os blogonautas leitores do nosso « Mídia e Questão Social ».

Mione Sales* - Professora da FSS/Uerj, Doutora em Sociologia e Licenciada em Literatura Comparada.
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Ausencias
Argentina: Arte Visual para comprender la Desaparición Forzada de Personas....

Por: Gustavo Germano
Fecha de publicación: 21/03/09



















Juntas. La típica foto de los años 70 con las chicas en el barrio.


Sola. La sobreviviente junto a lo que ahora es una pura ausencia.







Cuatro hermanos.Gustavo,Guillermo,
Diego y Eduardo Germano.






Grupo de amigos en 1971.Hoy faltan dos.





Raul y su hemano Manuel con sus novias en 1973.





Laura con sus padres en 1976.










Ni olvido, no perdon...

Castigo a los opresores
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Para maiores informações, consultar:

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Editoria Caleidoscópio Baiano

Primeiras palavras...
Claudia Correia

Dizem as boas e más línguas, inspiradas num jargão do conterrâneo publicitário Nizan Guanaes, que baiano bom não nasce, estréia. Já se diz que falamos “baianês” . Lairu, carioca adotado pela boa terra, publicou o dicionário deste nosso idioma, sucesso no meio da turistada.

Mas, mitos à parte, o ex-governador Otávio Mangabeira também sentenciou: “pense num absurdo, na Bahia tem precedente”. Somos também o estado campeão nacional em analfabetismo, o maior contingente de beneficiários do Programa Bolsa Família do país e outros recordes não tão espetaculares como o nosso carnaval das multidões.

Na terra da felicidade e de rainhas do axé que alimentam o espetáculo de uma parte perniciosa e estéril da mídia, também tem gente que pensa, re-inventa o cotidano, combate as desigualdades sociais, constrói utopias. Esta é a minha tribo. Enfim, é daqui, deste “palco”, cenário de históricas lutas de resistência de caboclos que enfrentaram o império português a quilombolas urbanos, que nasce este espaço de troca de informações e impressões sobre o que acontece por aqui nos campos da Comunicação e do Serviço Social. Este é meu “lugar de fala”. Os comentários e notícias que virão pela frente refletem o meu olhar, passional, radical no sentido marxiano, demarcado pelas minhas experiências nestes 26 anos (Vixe! já?) atuando como assistente social, militante, e agora mais recentemente como jornalista.

O convite para integrar à confraria dos que sonham com a comunicação como um dos instrumentos de socialização de conhecimento e empoderamento para o pleno exercício da cidadania logo me seduziu. Assim como no projeto do livro “Mídia e Questão Social”, estamos todos construindo juntos um blog diferente, aberto à criatividade de muitos parceiros e comprometido com a informação de qualidade - direito de todos os cidadãos. Estamos todos irmanados nesta utopia de usar as ferramentas de comunicação para socializar saber e poder, num mundo cada vez mais sacudido pelas tecnologias de ponta, individualista e competitivo.

Para começar, nesta minha honrosa “estréia” aqui, dois eventos me estimularam a iniciar nossa conversa virtual: a Conferência Estadual de Assistência Social, realizada de 05 a 08 de outubro, em Salvador, e o lançamento oficial da etapa estadual da 1ª Conferencia Nacional de Comunicação, dia 08. Escolhi alguns temas instigantes para comentar como estou percebendo a mobilização dos atores sociais envolvidos nestas duas importantes Políticas Públicas. Na Conferência de Assistência Social, atuei, à convite da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, como facilitadora do grupo de delegados que discutiu o eixo temático 2 : protagonismo do usuário: o seu lugar político no Sistema Único de Assistência Social-SUAS e o trabalhador do SUAS: bases para uma atuação democrática e participativa. No lançamento da Conferência Estadual de Comunicação, encarnei a repórter deste nosso blog, numa entrevista coletiva concedida pela Comissão organizadora do evento, regada ao melhor café da manhã regional (com credencial de imprensa, DRT e tudo, estou metida mesmo!)

Como o marketing é a alma do negócio e o público precisa ficar curioso, atiçado para consumir as notícias, vou ficando por aqui, por enquanto. Conto todos os bastidores destes eventos logo, no nosso próximo encontro. Prometo temperar com pimenta baiana caprichada, daquelas de entalar turista, a próxima edição.
Eu preciso de um tempo para editar entrevistas, pesquisas, apurações de informações levantadas com as fontes e outros cuidados preciosos para um bom jornalismo. Afinal, nosso público merece e nós defendemos uma comunicação criteriosa, com respeito aos fatos sociais e atenção às diferentes versões sobre eles.
Até mais! Bem vindos à nossa prazerosa aventura como blogueiros.

Claudia patricia Diniz Correia, assistente social, jornalista, professora da ESSUCSal, Mestre em Planejamento Urbano.

sábado, 10 de outubro de 2009




I – Dia 12 de outubro – A pureza da resposta das crianças é a vida



Dia das crianças, mas também ocasão de refletir sobre a ciranda de consumismo a que muitas delas estão expostas, ao ver TV, navegar na Internet ou folhear revistas.


Você abraçou seu filho hoje? Parou para ouvi-lo? Fez um programa especial com ele ? Não duvide ! É disso que ele sente mais falta.

Contra a manipulação do afeto e da ascendência que hoje as crianças e adolescentes exercem nas compras de produtos efetuados pelos pais no Brasil e no mundo, o blog M&QS convida-o a assistir três excelentes vídeos realizados por equipes de pesquisadores e especialistas no assunto. O tema, porém, é o mesmo: a criança e o consumo.

Se você se interessa por ética e cidadania, e se preocupa com o futuro que estamos construindo individual e coletivamente, lançamos um desafio: que tal, daqui para frente, começar a fazer a sua parte e aprender a dizer « não » aos apelos que começam em casa : « compra ! » « compra ! » « compra, vai ! », e a (re)descobrir a noção de suficiente ?

II - Criança gosta mesmo é de brincar
Como já cantava Gonzaguinha, « eu fico com a pureza da resposta das crianças ! / É a vida, é bonita e é bonita, é bonita./ Viver e não ter a vergonha de ser feliz/ (…) A beleza de ser um eterno aprendiz ! ».


Como diz Muller et alii (2007), « ser criança e ter infância não são expressões sinônimas ». Há elementos em comum relacionados ao que é específico da criança, mas outros determinados pela classe social, o que corresponde a possibilidades distintas quanto à capacidade de aquisição de bens – simbólicos e materiais - de uns e de outros. A condição da infância é percebida por eles, no entanto, de modo geral como um campo de sonhos, ou seja, a vida para a criança é, a priori, uma aventura rica em possibilidades. Eles alertam para o papel dos adultos – pais e avós – nessa relação da criança com o brincar e o criar. Dizem :

Cada tempo controlado, planejado pelo adulto para ela sem sua opinião, cada espaço reduzido e cada tempo corrido vão empobrecendo a experiência corajosa, destemida, atrevida, imaginativa, desafiante, enfim, vital do ser humano que leva consigo sua história. (Muller et alii, 2007)

Brincar integra a experiência humana e o leque de direitos ligados à educação, à cultura e ao lúdico. Por isso, a criança precisa brincar, muito e bem. As crianças, porém, têm sido submetidas, muitas vezes, ao ritmo de vida dos adultos, com suas relações de trabalho, que são, é verdade, fundamentais para garantir a sobrevivência da família. O problema é que muitos pais, quando podem fazer escolhas, têm mergulhado numa corrida frenética por segurança e competição, o que acarreta situações pessoais de esgotamento, aborrecimento e falta de tempo para se dedicar à criança. Talvez os jovens adultos, muitos dos quais exercitam a maternidade ou a paternidade, já venham de uma socialização que não experimentou o « tempo dos quintais », mas apenas o pátio dos condomínios e áreas de alimentação dos shopping centers.

Müller et alii dizem que muitos adultos vivem correndo e mal humorados, portanto, já estão « mortos [em matéria] de imaginação ». Não têm assim como compreender e valorizar a linguagem infantil, que é predominantemente imaginativa e corporal, nem a sua ação, que é intensamente lúdica.

No dia 12 de outubro, devolva a infância ao seu filho. Experimente o contato com a natureza: uma ida à praia, um banho de cachoeira, um passeio num parque onde ele possa correr, pôr os pés no chão. Por que não subir numa árvore ou tomar aquele banho de chuva? Ou andar de mãos dadas, simplesmente … ? Faça uma guloseima em casa, deixe-o meter a mão na massa e lambuzar os dedos. Conte-lhe uma história, inventem brincadeiras juntos, tente ! Dê-lhe um brinquedo velho ou um livro antigo que foi seu, para lhe mostrar que as coisas têm valor.


III - Brincadeira de criança é coisa séria

« A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação » [Princípio VII - Direito à educação gratuita e ao lazer infantil. Declaração Universal dos Direitos das Crianças, 1959].

“Toda criança tem direito ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artistica”. (Artigo 31 – Convenção dos Direitos da Criança, 1989)

« A criança tem direito a ter acesso a informações e materiais procedentes de diversas fontes nacionais e internacionais, especialmente informações e materiais que visem a promover seu bem-estar social, espiritual e moral e sua saúde física e mental.

Portanto, os meios de comunicação devem ser incentivados a difundir informações e materiais de interesse social e cultural para a criança, e, particularmente, considerar as necessidades lingüísticas da criança que pertença a um grupo minoritário ou que seja indígena;

As crianças têm o direito de ser protegidas contra toda informação e material prejudiciais ao seu bem-estar. » (Artigo 17, Convenção dos Direitos da Criança, 1989)

“A criança tem direito de ser protegida contra todas as formas de exploração que sejam prejudiciais para qualquer aspecto de seu bem-estar ». (Artigo 36 - Convenção dos Direitos da Criança, 1989)

Qual o papel das brincadeiras ?

A brincadeira possibilita que a criança mobilize positivamente – permitindo-lhe absorver criativamente - a inquietação, requisita a dinamicidade, envolve a incerteza, lida com tempos elásticos, promove ou reivindica o compartilhar. Essa experiência singular, insubstituível, é, assim, fonte geradora de diversão e prazer.


Uma das características mais importantes das brincadeiras infantis, como salientam Müller e alii (2007), é a do ser e não ser. Ou seja, a criança a todo momento (re)inventa a si própria, se transforma, bem como os materiais, as pessoas (avós, babás, irmãos, amiguinhos, etc.) e o pequeno mundo que está ao seu redor, inúmeras vezes, constantemente. Segundo eles, esse conceito de transformação presente nos jogos e brincadeiras da criança é « uma potencialidade humana extraordinariamente poderosa ». Sugerem que os adultos empenhados nas lutas sociais e que almejam construir um novo amanhã deveriam, inclusive, estar mais atentos a isso. Para finalizar nossa reflexão sobre a importância do brincar, seguimos a pista dos autores e também citamos um caso que pode, infelizmente, ter acontecido a muitos do que leem essa matéria, o que revela o quanto na sociedade contemporânea – fetichista, consumista, individualista e materialista – em que vivemos perdemos o valor das pequenas coisas e ferimos a capacidade criativa e de sonho de nossas crianças :

Eu observava na rua a mãe que arrancou e quebrou em vários pedaços, com impaciência, um pedaço de galho de árvore da mão de uma criança que chorava, implorava para levá-lo à casa. Aquele galho era tudo menos somente um galho para a criança...poderia estar sendo a espada, o mastro de um navio, um chicote domador de feras, uma corda que amarrava um dragão....tantas coisas!!! Pensei logo que se a criança estivesse querendo jogar fora uma espada comprada na loja, a mãe brigaria com ela e a impediria. (Projeto Brincadeiras, 2005)

Após essa reflexão, convidamos o conjunto dos leitores do blog M&QS a contribuir não somente no dia 12, mas todos os dias do ano, para a garantia do direito à infância.


Nossas mais alegres e brincativas saudações,
Equipe do blog M&QS
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Pequeno cardápio politico, intelectual e cultural

Para ler

· CARDOSO. S. Memórias e jogos tradicionais infantis: lembrar e brincar é só começar. EDUEL. Londrina. 2004.
· ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – Lei 8.669/1990, várias edições.
· MARCELLINO, Nelson Carvalho (org.). Políticas Públicas de Lazer. Coleção Estudos do Lazer, Editora Alínea, 2008.
· _____. Políticas públicas setoriais de lazer: o papel das prefeituras. Editora Autores Associados, 1996.
· MÜLLER, Verônica et alii. « O brincar das crianças : aproximações das culturas infantis ». Revista Digital, Buenos Aires, Año 11, N° 104 – Enero de 2007. (http://www.efdeportes.com/efd104/o-brincar-das-criancas-aproximacoes-as-culturas-infantis.htm)
· http://www.alana.org.br/banco_arquivos/arquivos/docs/educacao/palestras/Mercantilizacao%20da%20infancia_FNPJ.pdf

Um novo olhar dos telespectadores para a TV Brasil

É interessante a estatística abaixo, sobre um canal aberto de televisão, que sempre teve como seu viés de interlocução, um caráter sócioeducativo, a antiga TVE, hoje como TV Brasil.

Essa pesquisa foi feita antes do lançamento da nova programação da emissora, na segunda quinzena de setembro. Sua programação de acordo com os seus telespectadores alcança o índice de 80% de aprovação.

A seguir a matéria veiculada no Portal SRZD em 09-10-09:


Nelma*

TV Brasil já está sendo assistida por 10% da população e 80% aprovam programação

Redação SRZD - Televisão 09/10/2009 16:42

Com menos de dois anos de existência, a antiga TVE e atual TV Brasil, já é conhecida por um terço da população brasileira, ou 34%, dos quais 15% já assistiram ao canal e 10% o assistem regulamente. A programação é considerada ótima por 22% dos telespectadores e boa por 58%, totalizando 80% de aprovação. Entre os que costumam assistir a TV Brasil em casa, 42% sintonizam o canal por antena parabólica. Os resultados são de pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha.


Foram realizadas 5.192 entrevistas em todo o Brasil, com abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional, distribuídas em 146 municípios em todas as regiões, entre brasileiros de todas as classes econômicas, com 16 anos ou mais. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 22 de agosto de 2009. Antes, portanto, do lançamento da nova programação da emissora, na segunda quinzena de Setembro.


Em consulta espontânea sobre os canais mais frequentemente assistidos, a TV Brasil foi mencionada por 1% dos entrevistados, juntamente com outros canais abertos e fechados menos conhecidos. Na consulta estimulada (pesquisador menciona o nome do canal), 15% dos entrevistados disseram já ter assistido ao canal alguma vez e 10% declararam assisti-lo atualmente.

Três programas destacaram-se na preferência destes telespectadores: Programa de Cinema (filmes), com 34%, o telejornal Repórter Brasil-Noite, com 31% e o programa Sem Censura, com 26%. São preferidos ainda os Documentários (24%), Repórter Brasil-Manhã (20%), Programas Musicais (19%) e os Programas Infantis (17%). A programação infantil apresenta as maiores medidas de audiência e Share da TV Brasil, segundo medida do IBOPE. A pesquisa Datafolha, entretanto, ouviu brasileiros com 16 anos e mais, o que sem duvida se reflete na avaliação dos programas infantis.


Perfil dos Telespectadores - A maioria dos telespectadores que assistem à TV Brasil, 79%, pertence às classes econômicas B (32%) e C (47%), é do sexo masculino (57%), tem idade média de 39 anos, grau de escolaridade médio (46%), aos quais se somam 17% com nível superior. Este telespectador, em termos de renda e escolaridade, ainda é elitizado em relação à população brasileira.


Fonte: http://www.sidneyrezende.com/

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* Socialização Nelma Espíndola.
  Assistente Social.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

Rússia




















A jornalista Anna Politkovskaïa vira símbolo da defesa do jornalismo crítico

[Deu no Le Monde, 07/10/2009]

7 de outubro 2006. A jornalista russa da oposição Anna Politkovskaïa, 48 ans, foi assassinada no hall do edifício onde morava, em Moscou. Três anos após a sua morte, a família continua a ignorar quem foram os mandantes do seu assassinato. As reportagens da jornalista sobre as violações dos direitos humanos e a corrupção na Tchetchênia para o jornal Novaïa Gazeta [Nova Gazeta] incomodavam o Kremlin.

Seu filho Ilia se pergunta ainda hoje se certos serviços secretos especiais desempenharam um papel no assassinato de sua mãe, e se existe uma vontade política real de « colocar luzes » sobre este caso. "Nós não sabemos de nada", diz ele, quando lhe perguntamos se o processo, reaberto no começo de setembro para informações complementares, tem segundo ele chance de ir até o fim. A Corte Suprema da Rússia aceitou, em 3 de setembro, de reenviar o processo ao ministério público para complementação de informação. A pedido da família, o ministério público vai reagrupar num mesmo caso as pessoas já julgadas, o presumido atirador e o mandante do crime.


" O jornalismo crítico em vias de extinção"

A organização Repórteres sem fronteiras (RSF), situada em Paris, pretendia utilizar o aniversário da morte de Anna Politkovskaïa (07/outubro) para criticar a situação dos medias na Rússia, mas seus representantes não conseguiram obter um « visto de entrada » a tempo de estar nesta última terça-feira em Moscou. "Ficamos chocados e decepcionados por esta decisão [de não liberação do « visto » a tempo]. Ainda mais que fizemos sempre o maior esforço de transparência à em relação às autoridades russas", reagiu o RSF. Numa carta aberta ao presidente russo, Dmitri Medvedev, a Anistia Internacional (Amnesty International) solicita de sua parte às autoridades russas que se engagem em fazer todo o possível para encontrar e punir os assassinos da jornalista e de outros militantes dos direitos humanos.

Os crimes contra jornalistas permanecem totalmente impunes na Rússia, onde 22 jornalistas foram assassinados, desde março de 2000, por causa de suas atividades profissionais, indicou o representante russo da associação RSF. O Comitê para a proteção dos jornalistas, cuja sede está em New York, condenou os assassinatos não esclarecidos de jornalistas desde 2000, e advertiu que a profissão de jornalista crítico corre o risco de simplesmente "desaparecer" na Rússia. "O jornalismo crítico sofre perigo de extinção em um dos países mais importantes do mundo", deplorou o comitê. O Kremlin desmentiu toda implicação na morte da jornalista, afirmando que o caso ganhou visibilidade midiática apenas para se tentar lançar o descrédito sobre o Estado russo.

Fonte: [http://mobile.lemonde.fr/europe/article/2009/10/07/le-meurtre-d-anna-politkovskaia-n-est-toujours-pas-elucide_1250325_3214.html]

**Mione Sales
Professora da Faculdade de Serviço Social da UERJ, doutora em Sociologia e Licenciada em Literatura Comparada.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

E para não dizer que faltei com o humor, eis um pouco do que vem lá das bandas da África Oriental, mais exatamente da melhor prosa de Moçambique, porque ninguém é de ferro…

Boa leitura ! Mione**




As medalhas trocadas


Transcrevo agora uns capítulos da vida de Zeca Tomé, homem de mais acaso que destino. Estava ele no embalo da sua inocência quando chegou a notícia: por feitos de bravura ia ser condecorado. Zeca riu-se: eu ? Sim, ele proprioíssimo. Medalhado no Dia da Raça. Zeca desdenhou. Ele, sempre esquecido, por que motivo seria agora maisprezado ? Explicaram: é o senhor administrador que está-te chamar, precisa de você no tal dia, o exacto dez de Junho.

- Vai dizer ao senhor diministrador que parece há uma confusão. Há outro Tomé aqui, a medalha deve ser para esse.

O mensageiro declarou que o tempo era mais curto que a sua língua, razão que aquilo merecia as pressas. Fosse um ou outro Tomé, para o caso nem interessava. Ele mesmo que lhe acompanhasse à cidade, vestido de boas maneiras.

E foi assim que Zeca Tomé foi condecorado, em cerimónia de praça, raça e canhões.

(…) Os tempos sucederam-se, dobraram-se calendários. Zeca Tomé vivia com suas pazes, inquilino do sossego… Naquela tarde, quando as coisas já entravam em suas penumbras, Zeca recebeu inesperada visita:

- Sou eu o autêntico Tomé. Venho buscar a minha medalha.

- A medalha nem eu sei, irmão. Se para pagar a despesa de reparação do meu casaco tive de vender a medalha ao alfaiate! Trocaram azedas palavras, o outro desatou-se a espumar ameaças…

Zeca e o alfaiate desceram ao calabouço. Para infelicidade do primeiro, os dois foram ambos postos na mesma cela. Pois que o alfaiate, furiabundante, tirou-lhe por repetidas vezes as medidas dos seus costados.

O tempo rodopiou, esbanjando os dias. Já a Independência tinha subido aos mastros e o País se registrara com nome próprio. Em seu novo canto, o Zeca gozava agora de bastas honrarias. Ele ascendera a herói da luta contra o colonialismo. Seus anos de cela, ainda que breves, rendiam agora juros. Zeca recebia os tributos: graças, cargos, cartões. Estava dispensado de ser cidadão, sofrer as vulgares dificuldades…

Novembro distribuía as primeiras chuvas quando a delegação chegou. Era uma dessas, dos países socialistas, aliados naturais. Convocaram o Zeca Tomé.

- Você, camarada Zeca, você também consta da lista.

Na lista, a qual ? A dos condecorados pelo Presidente Jivkov. Mas, desculpem os camaradas, esse homem nunca me foi visto…

- Não, é por causa os mil e trezentos anos.

Mas eu nem aos quarenta não cheguei, contrargumentiu o Zeca, aflito com a vigente confusão. Você nunca ouviu falar a Bulgária, terra onde se descobriram os iogurtes ?

- Nunca, nunca…

Não quiseram saber mais. Era ordem das estruturas bastante superiores. No dia seguinte, o nosso homem estava lá, gravatado, em cerimónia internacionalista e proletária…

E, de novo, o tempo se espraiou. Zeca continuava melhor, sem calamidade que lhe atrapalhasse.
Certa vez, o alfaiate se apresentou com estranhas falagens. O assunto era confuso : um julgamento de corruptos. Não percebo, corruptos em Moçambique ?

O alfaiate rectificou: a coisa ocorria longe, envolvendo o dito Jivkov, o tal que distribuía medalhas a milcentenários.

- Você se desfaça dessa medalha, para evitar confusão.

Era o conselho do alfaiate…

- Mas eu não tenho nada com esse estrangeiro.

- Você não entende de noticiário, vizinho. É que lá na Bulgária estão envergonhadíssimos com esse Tudor, parece que ele era um açambarcador de iogurtes. Agora estão a tirar a limpeza dos pratos, ainda vão dizer que você está comprometido.

- Mas como, eu que nunca saí do distrito ?

- Não interessa, nunca ouviu falar de conflitos internacionais ?

Zeca sentiu o azedo da mandioca. (…) Fizessem ou não o combinado, uma coisa é certa: Zeca Tomé não esperou o desfecho do acaso. O distrito já lhe parecia pequeno, incapaz de lhe dar esconderijo perante as tribulações deste mundo. E, sem que houvesse testemunho, ele se retirou de sua terra natal, antes que o lugar comemorasse mil e trezentos anos.

[Mia COUTO, em Cronicando. Lisboa, editorial Caminho, Coleção Outras Margens, 1991.]

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*Socialização Mione Sales
Professora da Faculdade de Serviço Social da UERJ, doutora em Sociologia e licenciada em Literatura Comparada.

II - Parte - O olhar sobre a mídia.

O suicídio é um dos assuntos de saúde pública aqui no Brasil que demanda nossa atenção e tempo para falar sobre ele. É preciso que se tenha a mídia “esclarecida” e consciente de sua função social como aliada para a divulgação das formas de prevenção desse auto-extermínio.

Até que ponto falar em suicídio é uma possibilidade na mídia nos dias atuais? Quais as razões específicas que a faz colocar o “assunto para debaixo do tapete?”, segundo André Trigueiro*, jornalista, um dos palestrantes no evento promovido pela UERJ – “Suicídio: vamos prevenir?”, em 01 de outubro.

Será por que o assunto é “pesado”, não agrada o público do rádio, do jornal, da televisão e da internet? Ou talvez porque se noticiando sobre o suicídio, no entendimento da maioria dos veículos de comunicação de massa, existirá a possibilidade de se despertar e estimular novos casos a partir da imitação ou mimetismo, cuja definição seria “o processo através do qual a notícia serve de inspiração a repetição do ato”.

O jornalista expõe que cada veículo de comunicação dispõe de seu manual de redação. É nele que se define a sua linha editorial, com regras do uso correto da língua portuguesa e do modo como se abordar determinados assuntos, dentre eles o suicídio. Há uma indicação de que é preciso que se tenha cautela em abordá-lo. Quando muito, se disponibiliza a notícia se não for irremediável. A verdade que se apresenta mesmo é que não se “fale em suicido”.

E como mudar tal situação? É preciso que se fale a respeito. Asseguram os profissionais da Saúde Mental, psiquiatras e psicólogos; que é necessário que a mídia traga o assunto à tona. Ampliar a discussão, mas dentro de parâmetros de bom senso, de forma apropriada, com cuidado para se noticiar acerca do suicídio.

A mídia tem meios de espraiar as possibilidades acerca de sua prevenção, porque ele é previnível. É preciso que se faça com os veículos midiáticos parcerias que são estratégias, do mesmo modo em que se busca a prevenção, tratamento e cura de outras doenças que são menos letais que o tema, como Dengue, AIDS/HIV, Doenças Cardiovasculares, Câncer de Mama, Hipertensão, Diabetes, Tabagismo, “Gripe Suína” etc. e outras campanhas importantes como o aleitamento materno, vacinação infantil e exames preventivos por exemplo, acrescenta Trigueiro.

No seu olhar, um dos pontos significativos é o de que em sua maioria, os profissionais da mídia brasileira ignoram que de acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, o suicídio é um caso de saúde pública mundial. O que perpassa também para a maioria de nossa sociedade, ou seja, não sendo um profissional da área de saúde mental, as chances de se ignorar tal questão é enorme. Daí uma série de mitos e tabus se estabelecem sobre este processo de violência interpessoal, configurado por várias expressões da questão social.

Para ele a omissão que os veículos midiáticos fazem sobre o suicídio e sua prevenção é “preconceito sim” e “é um preconceito que nos custa caro”. Aponta a necessidade que essa comunicação se efetive, pois assim, é possível que para a sociedade se aponte um “norte magnético”, através do qual se poderá proporcionar uma diminuição nas estatísticas, cada vez mais alarmantes dos casos e tentativas e, como conseqüência mudando o quadro em que a sociedade não fale sobre o assunto.

Dez de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Seguindo sua postura de falar sobre o assunto com responsabilidade, Trigueiro fez, na véspera, na rádio CBN, na coluna Mundo Sustentável  seu comentário, onde trouxe a fala de Dr. Enio Resmini, uma das mais conceituadas autoridades sobre o assunto, professor da PUC-RS. Um adendo, o estado do Rio Grande do Sul, segundo as estatísticas, é o estado que ocupa a primeira posição em incidência de suicídios.

Vivemos num mundo em que se perpetua o individualismo, a concorrência no emprego, a disputa do primeiro lugar em todos os níveis da vida. Isto implica na falta de tempo para que as relações sociais e afetivas se estabeleçam na base de trocas. Esse pode ser um ponto a ser levado em conta.

André Trigueiro enfatiza uma das sugestões da OMS em divulgar locais em que se prestam serviços de saúde mental e linhas de “ajuda”. Aponta o Centro de Valorização da Vida, a instituição na qual é voluntário e colaborador, que nos 47 anos de existência tem tido um papel importante de prevenção do suicídio, mesmo sem o espaço necessário na mídia para a divulgação dos cursos de voluntários, porque o assunto é estigmatizante, é um tabu. Mesmo que seja em nível de prevenção o C.V.V. é tão procurado por tanta gente. É onde se estabelece o diálogo, com empatia e atenção através do telefone 141, onde “ quem liga é quem determina a hora de desligar”.

O enfoque dado à questão midiática aqui sobre o suicídio tem o propósito de se espraiar o assunto; o interesse em não ignorá-lo.

Em 1999, a OMS lançou uma iniciativa mundial sobre a prevenção do suicido, o SUPRE (Suicide Prevention Program). Como parte do SUPRE foram elaborados alguns materiais disponibilizado a partir do ano de 2000. Foram guias, manuais destinados a grupos sociais, profissionais específicos que lidam com a questão e que tem um norte de serem relevantes para preveni-lo.

A linguagem do material é de modo acessível a quem se interesse pelo assunto e que queiram fazer o papel de formadores de opinião de modo pedagógico.

O interessante que especificamente, há o manual que atinge a médicos generalistas, os quais muitas vezes têm dificuldades, de pronto, perceber em seus atendimentos, os pacientes que precisam de atendimento específico na área de saúde mental. Outros profissionais que receberam também o material específico foram os professores e educadores. Por lidarem com adolescentes, na faixa etária entre 15 a 19 anos, cuja incidência de morte por suicídio está entre as cinco maiores causas no mundo e, em alguns países a primeira ou segunda causa de morte de meninos ou meninas, segundo dados do ano de 2000. A mídia também foi contemplada com o seu manual, que numa década, conclui-se que poucos jornalistas tiveram conhecimento e acesso.

No encerramento de sua fala, André Trigueiro destaca o pioneirismo e coragem da UERJ, em falar sobre o suicídio e sua prevenção. Classifica o fato como um marco histórico. Faz a sugestão de como acontece em algumas instituições, como por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas, veiculada a economia e, outras que tratam de outros científicos, preparar mais os profissionais da mídia, para falar de corretamente e com precisão, os assuntos que são matérias a serem veiculadas. O seu olhar é de a mídia que tem uma dívida com a sociedade.


**Nelma Espíndola.
Assistente Social.
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*André Trigueiro, jornalista, âncora do Jornal das Dez da GloboNews; comentarista da rádio CBN, professor da PUC-RJ.

I - Parte - Cobertura do evento na UERJ: Suicídio: vamos prevenir?

A Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ fez seu marco histórico ao programar o 1º Ciclo de Palestras: “Suicídio: vamos prevenir?”

O estimulo para tal acontecimento, teve como o cenário a própria UERJ. E, através de esforços de um grupo de profissionais da universidade, dentre eles a Professora Christiane Maioli, médica hematologista, Vice-Reitora, o Dr. Jorge Fagim, do DESSAUDE (UERJ), a Equipe de Segurança e outros nomes da academia, que se reúnem acerca de aproximadamente um ano, para a elaboração do evento e de saídas nas quais se impeça a prática do suicídio na universidade.

A profª Christiane quando assumiu o seu cargo, na UERJ, há dois anos, aponta que corria um “imaginário” de que o campus Maracanã era o local procurado por pessoas de fora da comunidade acadêmica, para a prática de tal ato. Isto implicava que para cada novo caso, este se transformava em dez novos casos. Através desta atenuante, ela buscou a estatística onde se comprovasse tais fatos. Não havia dados comprobatórios a respeito, a não serem os dados de registros do setor de segurança.

Pode-se comprovar que os números de suicídios, no contexto da UERJ, estavam dentro dos parâmetros estatísticos apontados por pesquisadores, como não excedentes da "normalidade". Mesmo assim, não se falava sobre o assunto nos diversos departamentos da universidade. Era comprovadamente um “tabu”.

A partir daí se processou o movimento para se mudar a história, pois de fato, aconteceram três casos, em 2008. As três pessoas que praticaram tinham ligações com a universidade. Dois tinham vínculos acadêmicos e a outra uma frágil relação de trabalho. Um dos casos marcou a chegada do Dr. Fagim, para o Campus da universidade, médico especialista em assistência a adolescentes. Após esse caso ele descobriu através da internet vários sites que estimulavam a prática do suicídio; assim como o Orkut que tratava do suicídio praticado em sua chegada à instituição, como uma significativa postagem: mais de 500 mensagens.

Neste ano de 2009, aconteceram cinco novas tentativas de se cometer a prática de violência interpessoal. Com o trabalho de persuasão em primeira linha da Equipe de Segurança, que está na ponta do atendimento, seguido de outros profissionais, da UERJ, os casos não se efetivaram.

Um dos vieses para dar continuidade a prevenção das tentativas de suicídios no campus universitário, foi criar condições espaciais para que se fosse instalado um escritório do Centro de Valorização da Vida, o C.V.V., com o intuito de atendimento ao público da universidade, entre alunos e funcionários, além da comunidade no em torno.

Também está se estruturando um Centro de Atendimento, aos alunos e funcionários através do Serviço de Psicologia Médica do Hospital Universitário Pedro Ernesto e do serviço que já é prestado pela Faculdade de Medicina Social aos alunos, o PAP.

O evento se constituiu em dois módulos. No primeiro: a discussão dos Centros de Interesse. No segundo foram expostas a experiência da UnB, com a fala da professora Beatriz Montenegro e da Avaliação do risco e manejo da crise suicida com a professora Júlia Camarotti; a Pesquisa prioridade Rio em curso com o professor da Fiocruz, Carlos Estellita-Lins e por último a fala do jornalista André Trigueiro, Âncora do Jornal das Dez da GloboNews, comentarista da rádio CBN e professor da PUC-RJ, que abordou o tema: Mídia: qual o seu papel?

No evento através dos “Centros de interesse”, se discutiu os assuntos ligados ao:

1 – O Suicídio na UERJ, com Jorge Fagim e Mariana Bteshe;
2 – Família e suicídio, com Ana Maria Ferrara e Isadora Ramos;
3 – Prevenção e suicídio, com Otília Azevedo e Claudia Aguiar.

Cada grupo apresentou suas considerações. Particularmente, observou-se no grupo “Família e suicídio”, além de psiquiatras, psicólogos, voluntários do C.V.V., um espírita, um técnico de enfermagem, uma professora de Educação Física, uma estudante de Serviço Social e mais três assistentes sociais, presentes.

Nas falas da psiquiatra Ana Maria Ferrara e da psicóloga Isadora Ramos, responsáveis pela coordenação das discussões no grupo, cada caso de suicídio, atinge seriamente, entre cinco ou seis pessoas ligadas afetivamente ao suicida, as quais são tidas como “vítimas ocultas da violência”.

Nem sempre uma pessoa que pensa nesse ato extremo de desespero quer de fato morrer. Ele que sinalizar a busca de ajuda e apoio, sem que muitas vezes expresse com clareza o seu intento. A família desempenha uma peça-chave na prevenção de tal ato e recuperação do indivíduo.

Durante o segundo módulo, foram contextualizados os fatos.

“O suicídio é considerado um transtorno multidimensional, que resulta de uma interação complexa entre fatores ambientais, sociais, fisiológicos, genéticos e biológicos”. (OMS, 2000).

Todo o suicida tem características de ambivalência; de impulsividade e rigidez. Nem sempre um suicida está doente, ou tem necessariamente a manifestação de uma doença, muito embora em sua maior parte, os transtornos mentais e de humor, constituem-se em sua maioria, um fator associado ao suicido.

A OMS no ano de 2000 apontou que naquele ano, aproximadamente 1 milhão de pessoas estiveram em risco de cometer o suicídio. O suicídio configura-se entre umas das dez primeiras causas de letalidade em todos os países do mundo e, uma das três primeiras maiores causas de morte na faixa etária entre 15 a 35 anos. Há também uma incidência em idosos com mais de 65 anos.

Os transtornos de humor, como a depressão, que incide no maior número de casos de suicídios; o alcoolismo; a esquizofrenia, os transtornos de personalidade; os transtornos de ansiedade; as doenças neurológicas como o AVC; as neoplasias; o HIV/AIDS, são causas associadas ao cometimento do ato.

É importante, que se tenha um olhar sobre o suicídio, como algo que ocorre dentro de uma determinada sociedade, onde os fatores sociodemográficos estão associados:

- Sexo: os homens cometem mais suicídios que as mulheres, embora as tentativas de mulheres são em número maior sem letalidade;

- Idade: Os idosos (mais de 65 anos) e os mais novos (15 a 35 anos) são grupos etários de maior risco do suicídio. Embora haja aumento em homens de meia idade e menores que 15 anos;

- Estado marital: Pessoas solteiras, viúvas ou divorciadas. O casamento parece ser protetor para homens, não sendo da mesma forma para mulheres. Separação e morar sozinho aumentam os riscos de suicídios.

- Ocupação: Alguns grupos ocupacionais como veterinários, médicos, farmacêuticos, dentistas, químicos e fazendeiros são os que apresentam altas taxas de suicídios. Não há uma explicação óbvia sobre isto, mas pensa-se que seja pelo acesso aos meios letais, por pressões no trabalho, isolamento social e dificuldades financeiras podem ser as razões.

- Residência urbana e, ou, rural: Depende de cada país. Alguns a freqüência do suicídio é na zona urbana, noutros nas áreas rurais.

Muitos outros atenuantes sobre as causas e conseqüências dos suicídios e para-suicídios devem ser postos à discussão pela sociedade, sendo visto com amplo posicionamento da mídia na divulgação responsável e ética, da prevenção. Isto pode combater as "idéias e mitos" a respeito do suicídio.

Não é mais possível que sejamos mais testemunhas do que foi contabilizado em 2000 pela OMS: um milhão de suicídios no planeta, o que significa que a cada 40 segundos no mundo, uma pessoa cometa o suicídio, enquanto que a cada 3 segundos, outra pessoa atenta pela própria vida.

Faremos deste espaço um lugar de discussão e de outros olhares a respeito do tema suicídio e os meios de prevenção. Mione Sales, em Volta do Mundo, Mundo dá volta, trará o contexto europeu sobre o assunto.

*Nelma Espíndola.
Assistente Social.

domingo, 4 de outubro de 2009

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

A cigarra

Desprendeu-se do galho mais alto e delicado da grande árvore da vida. Abriu suas asas, sacodiu a antiga poeira das ruas que lhe pesava ainda a estrutura frágil e transparente, e voou. Voou desta para, quem sabe, melhor, nossa mais velha cigarra.

Cigarra é errante e incomoda, porque canta e teima em fazer a vida diferente… Nossa velha cigarra tinha cara de índia e falava à nossa alma sulamericana… Quem de nós não se surpreendeu descobrindo um amor latente por nossos « hermanos » depois de escutar a sua voz ?

O que o espaço, as leis, a cultura e mesmo a língua separavam a velha cigarra guerreira unia. Acordava a poesia de Violeta, de Paco, Victor, Milton que dormia dentro de nós, dos pampas às cordilheiras andinas, e as espalhava no vento, que sibilava ou uivava baixinho, com vergonha de sentir prazer e dor ao som de versos tão revolucionários… Numa época de formigas tão ordeiras, tão trabalhadeiras, tão carpideiras do sistema que fatiga, trucida, fenece flores e esperanças, Mercedes, « la cigarra », lembrava-nos ainda hoje que havia tempo de sonhar… Com seu jeito e colo de matrona universal, pronta para abraçar a nós e ao mundo, acolhia os rebentos perdidos das ditaduras, os sem-destino, os sem-pátria, os sem-amanhã… Ela era as mães todas da Plaza de Mayo, e consolava cada mulher, sem esquecer nenhuma…

Com sua partida, apaga-se uma luz do mundo, que brilhava, sem vaidade e discretamente, mas que, cantando, alçava a grandeza de ursos bailando, evocando ancestralidades comuns…

Pelas notas da sua voz, acompanhamos o derradeiro momento de Storni, a poeta, qui preferiu o mar à vida… Que dor essa a de preferir a morte nas ondas ao embalo amoroso dos versos ! Tirânica vida que inspira escolhas trágicas…

Talvez agora a velha cigarra, calorosa, semeadora de verões e irreverências, visite o seu próprio enterro, como cantou uma vez… e ria-se, não sem pesar, da desgraça para a qual, inertes, muitos de nós marchamos… O tempo dos relógios não derrete apenas as telas surrealistas, sua velocidade corrói as memórias e não deixa espaço para as pequenas coisas… Devora-nos até o amor. Tempo das máquinas, templo do dinheiro… O ruído ensurdecedor das buzinas no sinal fechado de nossa época, abafado apenas pelos walkies-talkies e head-phones, já não permite o canto das cigarras, mas apenas o ritmo frenético das formiguinhas obedientes e perseverantes, com suas economias mesquinhas de grãos para o inverno… Tudo em ordem, tudo em paz, mas o silêncio é pura solidão, sem o barulho animado e aguerrido das cigarras…

http://www.youtube.com/watch?v=6oySFWy-lm4&feature=related

**Mione Sales
Professora da Faculdade de Serviço Social da UERJ, doutora em Sociologia e licenciada em Literatura Comparada.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

1ª Conferência Municipal de Cultura


O RIO DE JANEIRO SE ARTICULA PARA SUA Iª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA

ATENÇÃO: INSCRIÇÕES PRORROGADAS!AGORA VOCÊ PODERÁ SE INSCREVER NO DIA DAS PRÉ-CONFERÊNCIAS, NOS PRÓPRIOS LOCAIS ATÉ AS 12 HORAS.
A Cultura quer ouvir você. A Secretaria Municipal de Cultura vai reformular a sua Política e quer ouvir a sua opinião, seja você artista, intelectual ou não. Basta ser cidadão para falar com um governo que quer ouvir você antes de tomar uma decisão. Quantas vezes já pediram sua opinião antes?
Em outubro debateremos o que queremos para a cultura de nossa cidade em diversos bairros do Rio de Janeiro e você poderá dizer o que gostaria de ver, saber, sugerir, criticar o que achar errado, apoiar o que gosta, fazer valer democraticamente a sua voz. Não custa nada. Sua opinião é importante. Participe!
Faça sua inscrição pelo site www.rio.rj.gov.br/conferenciamunicipaldeculturaOu compareça na data e local escolhidos, até as 12 horas, e faça sua inscrição.


Integração e Direito à Cidade.
O poder público e a sociedade começam a encarar a cultura como eixo estratégico para o desenvolvimento social. A importância de uma conferência de cultura para o desenvolvimento e qualificação da participação da sociedade coloca o poder público e os segmentos artístico-culturais em um franco processo de construção conjunta de políticas públicas de Cultura.

Outro fator importante que vai suscitar o debate nas conferências é o aprofundamento, pelos potenciais participantes, sobre os eixos de discussão que integram o temário, esta será a pauta que vai promover e fomentar a discussão entre artistas, produtores, gestores, investidores, consumidores e demais protagonistas da cultura, valorizando a diversidade das expressões e o pluralismo das opiniões em nosso município.
A II Conferência Nacional de Cultura (II CNC) que se realizará de 11 a 14 de março de 2010, na capital federal, terá como tema geral A Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento. Os municípios terão até 31 de Outubro para realizarem as suas conferências municipais e/ou intermunicipais e os estados têm prazo até 15 de dezembro para promoverem as conferências no âmbito estadual.
Dentro desta perspectiva, realizaremos pré-conferências, onde será eleita a delegação à conferência, sejam realizadas por regiões da cidade, divididas e representadas pelas subprefeituras. Os delegados serão eleitos observando-se a proporção de 1/3 de representantes do poder público, 1/3 de representantes dos segmentos sociais e 1/3 de representantes do segmento cultural. A Conferência Municipal de Cultura elegerá, no máximo, 24 delegados para participarem da Conferência Estadual de Cultura.


Datas e locais das pré-conferências:
3/10/2009 - 8 às 17h
Bangu - Lona Cultural Hermeto Pascoal, Praça 1º de Maio
Campinho - Escola de Samba Tradição, Estr. Intendente Magalhães, 160
Pechincha - Lona Jacob do Bandolim, Pça. do Barro Vermelho
Andaraí - Escola de Samba Salgueiro, R. Silva Telles, 104
Centro - Teatro Municipal Carlos Gomes, Praça Tiradentes, s/n
Copacabana - Sala Municipal Baden Powell, Av. N.S. Copacabana, 360

4/10/2009 - 8 às 17h
Campo Grande -Auditório da Faculdade UNISUAM, R.Alfredo de Moraes, 548
Olaria - Clube do Olaria, R. Bariri, 251.

17/10/2009 - 8 às 17h
Centro - Teatro Municipal Carlos Gomes, Praça Tiradentes, s/n
Copacabana - Sala Municipal Baden Powell, Av. N.S. Copacabana, 360
Barra - Terra Encantada, Av. Ayrton Senna, 2800

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*Socialização Leandro Rocha
Assistente Social.