terça-feira, 27 de agosto de 2013

Editoria Jornalismo na Correnteza

O RUÍDO QUE VIROU GRITO



                                                        Foto: Google


Ana Lucia Vaz*

Cada geração tem seus desafios, suas possibilidades e limites. Há mais de dez anos trabalhando como professora universitária, me convenci de que a minha foi uma geração privilegiada. Entrar na universidade nos anos 1980, quando o Brasil se democratizava, nos permitiu ir às ruas mil vezes, sonhar juntos, construir utopias maravilhosas.

Não sofremos a repressão violenta dos que nos antecederam, mas herdamos deles o poder de sonhar um mundo melhor. Descobrimos a sociedade quando ela se transformava e, arrastados pela onda de mudanças, não foi difícil sonhar tantas outras que poderiam vir. Fizemos muitas festas nas ruas, “sem medo de ser feliz”.

Mas os anos 1990 chegaram com sabor de contra correnteza. Quando comecei a dar aula na universidade, no início dos anos 2000, encontrei uma juventude muito diferente da minha. Me assustei, algumas vezes, com o pragmatismo de meus alunos. A universidade passando por profundas mudanças, alguns poucos mobilizando uma reação, recebo a pergunta da turma, desconfiada de que não “valia a pena” participar: professora, você acha que adianta alguma coisa essa manifestação?” Perguntas que eu só sabia responder ensinando para eles sobre o meu ponto de vista. “ Se vai dar resultado? Não sei. A gente nunca sabe antes de entrar na briga. Mas tenho dificuldade de entender sua pergunta. Porque pra mim, pra minha experiência política, a pergunta principal não era sobre o resultado. Mas sobre a causa. Se é justa vale a pena!”