quarta-feira, 27 de abril de 2011

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

Abutres, um thriller social
ou uma tragédia com sotaque latino-americano




« El resignado
ejercicio del verso no te salva
ni las aguas del sueño ni la estrella
que en la arrasada noche olvida el alba.
Una sola mujer es tu cuidado… »

JORGE LUIS BORGES
Mione Sales*


Eis um grande filme argentino. Moderno, urbano, tem ação, mas não deixa a qualidade do roteiro cair. Tem a gravidade e a lentidão, por vezes, dos Pampas, qual o começo de um tango de Gardel, para depois atingir o ápice das notas musicais, sem abandonar, todavia, a atávica melancolia que produziu naquela região um Jorge Luís Borges e um Julio Cortázar. Por isso, hesitamos em classificá-lo apenas como um thriller social, pois ele flerta inapelavelmente com a tragédia.


Cinema e questão social

Eis por que me custa acreditar que alguns intelectuais não apreciem o cinema ou dediquem tão pouco interesse à matéria. Porém, justiça seja feita, nem sempre o cardápio cinéfilo está realmente à altura ou justifica interromper o fluxo crítico e criativo de mentes mergulhadas em múltiplas e densas reflexões.



domingo, 17 de abril de 2011

Editoria Estranha Semelhança com a Utopia

Sopros de oxigênio na tv aberta brasileira?
Homofobia e tortura viram debate público a partir de programas de TV

Jefferson Ruiz*



Adoro esportes. Quase não vejo novelas.
Nas últimas semanas um fato esportivo e um lançamento de novela fizeram boa parte do país debater questões importantes para a história e o momento atual no Brasil: homofobia e tortura.
Escrevo na sexta-feira, dia 15 de abril. Está começando o terceiro jogo de uma semifinal da Liga Nacional de vôlei masculino, em Contagem (MG), entre Cruzeiro e Vôlei Futuro. No primeiro jogo, na mesma cidade, toda vez que um atacante do Vôlei Futuro, Michael, ia para o saque era recebido por duas mil vozes: “Bicha, bicha, bicha”. Às vezes havia as (in)devidas variações (“Veado, veado, veado”). As palavras do jogador: “Já estava acostumado a ouvir coisas como estas, há anos. Mas foi a primeira vez que um coro unânime, de mulheres, senhoras, crianças, jovens tentavam me desestabilizar com algo que nada tem a ver com a partida. Conseguiram...”.
Michael apresentou-se ao público, nos dias seguintes à partida, como assumidamente homossexual. Disse que jamais escondeu o fato de ninguém, em nenhum dos clubes pelos quais passou. Mas tampouco o anunciou, por considerar que sua orientação sexual nada tinha a ver com o esporte que pratica. Também disse que, para ele, esta sempre foi uma questão da esfera privada. Mas que resolveu, a partir do jogo de Contagem, anunciar publicamente que prefere pessoas do mesmo sexo em suas relações afetivas, para tentar que o fato não se repetisse (com ele ou outros esportistas).

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Editoria Equipe Mídia e Questão Social

VIOLÊNCIA NA ESCOLA                                                          

Talvez num tempo da delicadeza
o “respeito às diferenças” como valor ético na contemporaneidade


                                                         Fonte: Google

    “Não fosse tanto e era quase…”
PAULO LEMINSKI


A equipe do Blog Mídia e Questão Social quer, em primeiro lugar, se solidarizar com as famílias dos adolescentes da escola municipal de Realengo. Todos nós ficamos emudecidos e « atarantados », sem muito entender o que havia se passado. Reagimos, porém, quase que instantaneamente , a dizer, alterando o refrão da canção de Gil e Caetano: « os EUA… não são aqui! ».
 
Muitas perguntas ficaram ecoando em nossas cabeças, enquanto a mídia, como de costume, investia no « acontecimento » e explorava cada milímetro de uma dor, que não pertence apenas àquelas 12 famílias, mas a cada carioca e cada brasileiro, onde quer que ele esteja. De um lado, o trabalho do luto. Do outro, a revolta, o espanto e a incompreensão. Nada mais justo em se tratando de uma incomensurável tragédia.
 
Todavia, nós do Blog M&QS acreditamos que o ocorrido merece ser examinado não apenas na sua dimensão de fatalidade incontornável equase naturalizada do “Mal” encarnado num jovem apenas um pouco mais velho que as vítimas. É preciso pensar sobre esse lamentável episódio com outras lentes, para além daquelas da comoção e do ódio.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Editoria Web@Tecno

A comunicação é para todos; é direito de todos.
Universalizar os serviços de radiodifusão comunitária pode ser um passo largo nesta direção.


                                                                            Fonte: Google



Nelma Espíndola*  


A frase “Democratizar a palavra para democratizar a sociedade!, inscrita na charge do artigo Prossegue a luta pela democratização da comunicação, publicado na Editoria BM&QS em 14 de fevereiro de 2011, expressa a síntese dessa luta que vem se construindo ao longo dos anos contra a concentração de propriedade dos meios de comunicação em nosso país, nas mãos de poucos.

Conforme a Intervozes naquele mesmo artigo, essa posse dos meios de comunicação no Brasil “é mais concentrada que nos países inquestionavelmente vistos como liberais, como os Estados Unidos ou Inglaterra”.

Essa afirmativa é ratificada por um estudo feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura [Unesco] em parceria com a Fundação Ford, sobre a regulação da radiodifusão [rádios e TV ] no Brasil, lançado no último dia 17 de março de 2011. A Unesco sugere mudanças na regulação da comunicação no país, a partir da comparação com outros 10 países.  Três dos principais especialistas em comunicação no mundo, Toby Mendel, Eve Salomon e Andrew Puddephatt, fizeram as pesquisas e indicam uma “defasagem na regulamentação brasileira.” Segundo o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, a “legislação de comunicação é muito antiga e não se alia aos princípios da Constituição”.