Vida ao
profeta do semiárido !
Claudia Correia*
O falecimento no último dia 9, do bispo emérito da Diocese
de Juazeiro, D.José Rodrigues,me transportou para os anos 80, quando tive o
privilégio de conhecê-lo. Fiquei impressionada com aquele homem de aparência
frágil, destemido, defensor intransigente dos direitos humanos e leal aos
princípios da Teologia da Libertação. Leonardo Boff, em recente artigo no blog
leonardoboff.wordpress.com, chamou o “bispo dos excluídos” de “profeta do
semiárido”. Por 28 anos ele conduziu com firmeza a Diocese de Juazeiro e
enfrentou o poder das elites políticas, desafiando um sistema econômico
excludente e desumano. Em 1975 quando chegou na região apoiou 72 mil pessoas relocadas com as obras da
barragem de Sobradinho.
Lembro que levei meu filho Theo em Juazeiro para conhecê-lo
e fotografei o muro de sua casa que foi invadida e pichada com a frase “Morte
ao bispo comunista”. As forças políticas do atraso governavam nossa Bahia com a
subserviência de prefeitos nomeados , mas D.José não tinha medo da morte,
acreditava na vida com tanto entusiasmo que seus discursos na mídia e nas
missas nos encorajavam a lutar pela justiça social e pela democracia. Para ele
os meios de comunicação eram um dos instrumentos de transformação social por
isso incentivava o protagonismo popular em experiências com rádios
comunitárias, cartilhas. A senadora Lídice da Mata lembrou em discurso de
homenagem que D. José foi pioneiro em criar um Setor Diocesano da Comunicação
Audiovisual com uma biblioteca com 45 mil volumes e que foi membro da
Associação Baiana de Imprensa. Por sua valiosa contribuição social, ele recebeu
por seis anos seguidos o Troféu Mandacaru de Ouro, criado por jornalistas
baianos para homenagear personalidades de destaque nas áreas política,religiosa,econômica,
artística e cultural.