segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Editoria Caleidoscópio

X Congresso de Jornalistas da Bahia


Cláudia Correia

Participei de 26 a 28 de novembro, aqui em Salvador, do X Congresso de Jornalistas da Bahia, com o tema : “ Do analógico ao digital: novos desafios após a decisão do STF sobre o diploma”.
A programação foi da maior qualidade, com oficinas, painéis e lançamento de livros, mas a participação da categoria uma lástima: contei 34 pessoas, incluindo a estudantada sempre curiosa. Metade da plenária veio de municípios do interior como Juazeiro, Barreiras e Teixeira de Freitas onde as precárias condições impõem um ritmo de trabalho desumano para os colegas. Temos hoje no estado, 23 cursos de graduação em Jornalismo, baixos salários, jornadas aviltantes e uma competição perversa.
As oficinas do Congresso abordaram: newsletters, fotojornalismo e Jornalismo e Sustentabilidade, a minha escolhida. Estou muito interessada no tema da responsabilidade sócio-ambiental e de experiências bem sucedidas e sérias nesta área que mereçam cobertura.
Os painéis trataram sobre: A luta pela retomada do diploma, a organização dos jornalistas baianos, ensino do jornalismo e mercado de trabalho e impactos das novas tecnologias no trabalho profissional.
A palestra “Imprensa Negra” rendeu um excelente debate e reuniu jornalistas militantes da luta pela igualdade racial, como Dalmo Oliveira, da Paraíba e Cleidiana Ramos, Mestranda em Estudos Étnicos e Editora do Caderno Especial sobre negritude do jornal baiano A TARDE.

O que mais me chamou atenção foi a criação das COJIRA’s Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial, já em atividade em Alagoas, Bahia e outros estados. Uma estratégia de articulação política muito interessante já que a grande mídia reforça o preconceito contra os negros com coberturas que estigmatizam e violam direitos humanos. Vou me inteirar mais sobre a experiência. Aqui existe um coletivo de jornalistas que mantém o “Correio Nagô”, www.correionago.com.br , do qual sou colaboradora. Eles formam a “Mídia Étnica” e possuem vários projetos interessantes em rádio, webjornalismo e outras praias.
Estranhei a ausência de um debate mais profundo no Congresso sobre as propostas do Sindicato dos Jornalistas da Bahia- Sinjorba e da Federação Nacional dos Jornalistas- FENAJ para a Conferência Nacional de Comunicação , de 14 a 17 de dezembro, em Brasília. Precisamos ficar atentos para fazer alianças e defender na Confecom propostas que assegurem a democratização da comunicação e o lobby contrário dos empresários do ramo é poderoso. Por aqui, apesar do esforço do Sinjorba, que foi eleito delegado para a Confecom, a categoria não aderiu ao debate como deveria.
Acredito que toda esta polêmica em torno da desregulamentação da profissão de jornalista e a decisão absurda do Supremo Tribunal Federal de abolir o diploma é parte de um plano mais audacioso, envolve interesses políticos e econômicos que estão muito distantes da defesa da liberdade de expressão democrática. Não podemos ser ingênuos ou partir para o contra-ataque sem aliados. Defender o diploma para jornalistas é defender o direito à informação de qualidade, condição indispensável à plena cidadania e ao Estado democrático de direitos. Está tramitando no Senado uma PEC que tenta reverter a decisão do STF mas a briga só está começando....
Este congresso baiano me deixou ainda mais curiosa com os desdobramentos da Confecom porque a expectativa é grande no sentido de criarmos os conselhos de comunicação para exercerem o controle social sobre a política pública de comunicação. O da Bahia, segundo promessa do governador Jaques Wagner, sai em 90 dias. Mas, sabemos que esta decisão depende da aprovação da Assembléia Legislativa. Aqui ainda temos muitos políticos vinculados aos veículos de comunicação que há anos, exercem o monopólio, como o grupo da TV Bahia, de propriedade do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, o famoso “Toninho Malvadeza”.
Vamos seguir brigando....




Claudia Correia, assistente social, jornalista, Profa. ESSUCSal, Mestra em Planejamento Urbano. ccorreia6@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Na ocasião da decisão do STF, sobre abolir o diploma para o exercício da profissão de jornalistas, engrossei o "caldo" dos abismados com tal decisão. Por que não se qualificar e reafirmar a ética profissional, as quais de muito podem ser apreendidas com uma formação acadêmica. Depois desse seu comentário, mais luz chega à minha cabeça.
    Um abraço, Claudia.

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário e/ou impressão...