A disseminação de acesso universal à produção do conhecimento científico
Fonte: Agência FAPESP
Nelma Espíndola *
No último dia 13 de março recebi uma informação: “UNESP lança obras para download gratuito”. A providência que eu deveria ter tomado seria a de repassá-la de imediato, ainda, mais partindo da fonte que me forneceu tal informação. Não fiz isto. Minha curiosidade era a de saber mais a respeito sobre essa via de acesso virtual. Daí nasceu a proposta de apurar os fatos para compartilhá-los aqui na Web-Tecno. A parceria estava firmada com a responsável pela editoria “Volta do Mundo, Mundo dá Volta". Penso que já sabem de quem falo!?
A blog-amiga Mione Sales publicou, no último dia 19 de abril, sua crônica “Sinal de tempos hipermodernos – Ou a primeira vez que vi um leitor e-book”. Ela descreve de forma envolvente suas observações acerca das práticas de leituras feitas no metrô da França, onde o papel e o novo meio eletrônico de leitura, o livro eletrônico ou o e-book, começam a conviver. Trata-se de “(...) uma forma de consumo cultural e tecnológico emergente (...)”. A convivência entre as duas formas de leitura chamou-lhe atenção, com um detalhe especial: sua prática majoritária pelo sexo feminino. O que lhe fez prever que o êxito ou não do novo meio será definido pelo “aval e adesão” das mulheres.
Mas o assunto ali não se limita apenas a esse olhar sobre as « formas de ler », de modo eletrônico ou através do papel. Mione fornece pistas de ótimas fontes onde o novo tesouro de leituras se encontra. Aconselho a sua leitura, pois está muito interessante!
Então, voltemos à notícia do lançamento de “obras gratuitas para download”: a divulgação do Programa de Publicações Digitais da Universidade Estadual de São Paulo – UNESP, lançado no último dia 11 de março.
Esta iniciativa tem como objetivo oferecer acesso universal ao conhecimento produzido nos diversos programas de pós-graduação da UNESP. Consiste na publicação de livros em formato digital, com acesso gratuito pela web dos conteúdos de dissertações, teses, pesquisas de pós-doutorado e de livre-docência da Universidade, o que lhe faz a pioneira nesta prática.
Para viabilizá-lo, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG) fez uma parceria com a Fundação Editora UNESP (FEU). As primeiras edições publicadas, num total de 44 obras, versam nas áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas, Linguísticas, Letras e Artes. O objetivo do programa, lançando em 2009, segundo Cláudio José de França e Silva, assessor da PROPG, chegará a seiscentos livros em dez anos. Além desses títulos lançados, a edição de 2010 do programa, editará mais 58 livros.
A coleção PROPG Digital está sob o selo “Cultura Acadêmica”, o segundo selo da Fundação Editora da UNESP. Este selo mantém sua autonomia e independência em relação ao selo de origem, o que lhe possibilita novas parcerias editoriais com órgãos da direção central da UNESP, assim como com suas várias unidades universitárias e cursos de pós-graduação. A qualidade de cada volume publicado baseia-se nas decisões e escolhas dos conselhos editoriais e comissões científicas responsáveis por eles.
Segundo a opinião de Marilza Vieira Cunha Rudge, Pró-reitora de Pós-Graduação da Universidade, este projeto é “um marco no mercado livreiro”. Sua perspectiva é de que isso dê uma maior visibilidade à Pós-Graduação da UNESP, que é a segunda maior do país. O que pode dar sustentação a esse prognóstico é que no dia de lançamento, 11 de março, o número de acessos de usuários para baixar as publicações foi de quase mil usuários, segundo informações divulgadas por José Castilho Marques Neto, diretor-presidente da Editora UNESP.
Mas não tenham medo de possíveis dificuldades de inteligibilidade da leitura do conteúdo de cada obra. A opção feita foi a do uso de uma linguagem mais acessível que a do “discurso científico de cada origem”. Esta proposta é a de disponibilizar a produção científica para o público num futuro próximo, como sinaliza Jézio Hernani Bomfim Gutierre, editor-executivo da Editora UNESP. Desse modo, as pesquisas não ficariam mais restritas ao público acadêmico, e também se resolveria o problema da publicação em papel de um volume considerável de obras, que normalmente demandaria anos para a sua efetivação e grandes custos.
Não há digitalização de obras prontas, como já é comum no mercado editorial. A coleção inteira foi idealizada na forma de « livro eletrônico », e-book, que tem seu layout parecido com o das publicações tradicionais. Guitierre afirma, no entanto, que este formato pode mudar de acordo “com o desenvolvimento tecnológico”, ou seja, “uma das ideias com potencial futuro é a interatividade”. Esta proposta poderia, por exemplo, segundo ele dar ao leitor a possibilidade de participação de fóruns de discussão com internautas que estão acessando o mesmo livro.
Segundo a assessoria da PROPG, o que diferencia este programa do de outras instituições, que também disponibilizam conteúdos de livro na internet, é que os conteúdos das obras publicadas são “projetadas”, em sua origem, para o lançamento em formato digital.
Os assuntos publicados estão ligados às áreas de: Artes; Design; Estudos Literários; Letras; Ciências Humanas; Direito; Filosofia; Linguística; Comunicação; Educação; História e Sociologia.
Para o conhecimento da coleção, basta acessar o endereço eletrônico: [ http://www.culturaacademica.com.br/ ] Para o download de qualquer uma das obras, é necessário o preenchimento de um cadastro. É super simples!
Pode-se dizer que é dada uma importância significativa para os autores das obras, visto que elas terão um acesso de público universal, o que seria uma condição diferente, se a publicação fosse em papel, por causa do custo e do número de edições. Mas o controle da quantidade e localidades dos downloads executados será feito, o que dará à editora subsídios para aperfeiçoar as futuras publicações.
Na Cultura Academia Editora, podem ser encontrado os releases das obras e as entrevistas com os autores que falavam de suas produções. Achei muito interessante.
UMA DICA:
Fiz o meu cadastro e baixei o título << Representações, jornalismo e a esfera pública democrática >>, de Murilo César Soares, professor adjunto da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, do Curso de Comunicação Social e no Curso de Pós-Graduação em Comunicação da FAAC. Chamou-me atenção o seu título e, após ler a apresentação da obra, que grosso modo é a reunião de “(...) textos tratando aspectos diversos das representações da política nas sociedades democráticas contemporâneas.” Há a exposição do uso da “(...) interpretação integral do papel do jornalismo (...), em termos de poder social de construção de representações (...)”.
Como estamos em ano de eleições, há na terceira parte deste livro – Verificações e análises - textos que conduzirão à ampliação das reflexões acerca do papel da imprensa nesse momento de decisão para a nação.
Nelma Espíndola, assistente social e webmaster do blog Mídia & Questão Social.
Contato: nelmaespindola@gmail.com
[Colaboração: Mione Sales, articulista do blog Mídia & Questão Social].
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Fontes: Agência FAPESP; Jornal Unesp e Cultura Acadêmica..
Tentei postar um comentário, mas deu erro e perdi tudo q tinha escrito. Vou tentar postar novamente só q mais simples.
ResponderExcluirBom, primeiro gostaria d parabenizar o blog pela iniciativa de buscar socializar o conhecimento e buscar discussões aqui pela internet, tendo em vista q isso ainda é pouco ou nada explorado no seso. Falta ainda no seso o reconhecimento da internet como um dos espaços de busca e troca de conhecimento. Há ainda orientadores q não gostam d ter referências tiradas da internet nos trabalhos elaborados por seus alunos, mesmo q só na internet eles possam ter acesso a certas obras. Há o medo do novo ao invés de tentar entendê-lo. Penso q a internet deve ser buscada não só p contribuir c a nossa formação e como espaço d debate, mas como obejto d estudo. Não dá p negar as modificações q ela trouxe e traz nos âmbitos social, cultural, econômico e político. Como discutir a socialização da juventude hj sem pensar nas redes socias? Como não buscar entender como o capital cria mais uma forma de acumulação de capital através da mobilização q o google faz das informações de seus usuários p lhes mostrar propagandas q sejam de interesses de seus usuários? Que fique claro que não acho q a internet está isenta de pontos negativos, como a simplificação das idéias, com um ecletismo sem tamanho, mas sabendo usá-la ela nos ajuda e muito.
Mas falando sobre o artigo da nelma... espero q a unesp seja a inspiração p q outras universidades faça o mesmo, pois eles inovaram não só em pensar a digitalização com interatividade, mas de pensar o formato do livro já na forma digital. Fantástico!! Só penso que eles poderiam repensar o fato de disponibilizar com uma linguagem mais acessível. Penso q deva ter as duas opções, a mais acessível p q a produção acadêmica possa ser lida e discutida por todos ao invés de ficar presa nos meios acadêmicos e a versão mais científica p q os pesquisadores posaam utilizá-las em seus trabalhos.
Fico por aqui e agradeço pelo espaço q vcs criaram.
Marina Alecrim
Olá, Marina!
ResponderExcluirEstou muito contente com a sua participação aqui conosco. É um feedback importante que você nos dá a respeito do seu olhar sobre o trabalho que o grupo do Mídia & Questão Social vem desenvolvendo. Nossa proposta é esta mesmo, a utilização desse espaço universal, que é a internet para socializáramos todos os conhecimentos adquiridos nesses últimos anos de estudos e trabalhos, com todos vocês blog-leitoras (es )e amigas (os). Mas não pense que, que isto acontece em mão única, não!? Esta “troca” é feita em mão dupla. Aprendemos um tanto com vocês, também. Você tem razão quando fala na resistência de uma parcela do SeSo, quanto a utilização da Internet como espaço de pesquisa. Claro que é preciso o cuidado nessa busca da informação, porque tem de tudo, mas, há muitos portais, sites e blogs sérios que você pode buscar conteúdo científico, cultural, redes sociais, que valem à pena o acesso. A internet é uma realidade virtual presente em nossas vidas, não tem mais jeito.
Eu achei muito interessante esta proposta da UNESP , na criação dessa coleção de livros eletrônicos gratuitos. Segundo eles, a linguagem utilizada é mais acessível sim, que a do discurso científico, o que faz você ler sobre temas e áreas diferentes das de sua formação acadêmica. E, já, já vou comprovar com o livro que baixei. E lhe digo mais, quando esta proposta de interatividade estiver disponível, nossa! Vai ser muito bom! E, não há o que nos agradecer, imagina! O que desejamos é que você esteja sempre presente, nas leituras e participações com seus comentários. Muito obrigada! Um abraço Nelma.