LILÁS QUE TE QUERO LILÁS!
Crônica/poema
MIONE SALES*
Sobre um fundo vermelho
a linha e a agulha teceram desenhos
para um grande « patchwork » feminino:
a Marcha Internacional das Mulheres.
Em solo campineiro,
milhares de pés pisaram simbolicamente novos caminhos,
Como a perguntar :
«- Pernas para que te quero ? »
“ - Para me erguer, andar e correr mundo,
Experimentando a liberdade espelhada em milhares de sorrisos !»
Mosaico de gostos e de rostos femininos,
Do Oiapoque ao Chuí.
Militantes, estudantes, camponesas,
Donas de casa, mães, jovens, amigas,
Namoradas, professoras,
Operárias, moderninhas,
Hippies, intelectuais e trabalhadoras.
Todas a carregarem o seu fardo pessoal,
seus brincos, chapéus, lenços, cocares e
também suas bandeiras, assim como a esperança coletiva.
Novas gerações também deram o ar da graça
E fizeram a marcha mais alegre e divertida.
Crianças no ventre, no colo ou ao lado.
Meninas desde cedo aprendendo como “ser e fazer diferente”,
Como se insurgir ou como dar voz à revolta,
de forma terna e firme.
A diversidade de cores, de classe social ou de filiações políticas e sindicais não
impediu a « chama lilás » daquela grande marcha feminina,
ladeando ruas e caminhos,
qual uma grande centopeia violeta…
Como as mil patas do pequeno inseto,
milhares de pernas femininas guerreiras.
Milhares de braços
a saudarem e a dizerem adeus.
Mãos a tocarem tambor,
A pintarem o sete,
A dividirem o pão.
Em momentos de descontração, reunião e repouso.
Ao ar livre ou em tendas,
Qual um grande circo de belezas multicores!
Com a utopia tatuada no peito,
Mulheres brasileiras cantaram e marcharam
Por dez dias.
Dizendo SIM à vida, à liberdade, aos direitos, à fraternidade e
a essa grande corrente feminina libertária internacional.
E dizendo NÃO a tudo e a todos que diminuem, impedem ou dificultam que esse
tão belo quanto diverso contingente feminino de um país -
inscrito em corpos de mulheres adultas ou meninas,
idosas ou adolescentes, citadinas ou camponesas,
brancas, amarelas, índias ou negras -
seja menos inteiro em sua singularidade e diferença.
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Matéria a seis mãos: Jefferson Ruiz, Nelma Espíndola e Mione Sales, todos da equipe do Blog Mídia& Questão Social.
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Nossos Agradecimentos:
Agradecemos à assistente social Tatiana Raulino, de Fortaleza, pela gentileza em nos enviar o link do vídeo acima exibido, registro de um acontecimento histórico mundial. Declaramos nosso prazer em contribuir com as várias formas de divulgação da Marcha.
Que lindo!
ResponderExcluirConseguiram com muita sensibilidade dar ao texto/poesia a força, a beleza e a diversidade que as imagens nos revelam.
Parabéns!!!
Ps: Sempre passo por aqui. Adoro esse cantinho!
beijos