terça-feira, 4 de maio de 2010

Editoria Estranha Semelhança com a Utopia

Criação: Jefferson Ruiz






LILÁS QUE TE QUERO LILÁS!


Crônica/poema
MIONE SALES*


Sobre um fundo vermelho

a linha e a agulha teceram desenhos

para um grande « patchwork » feminino:

a Marcha Internacional das Mulheres.

Em solo campineiro,

milhares de pés pisaram simbolicamente novos caminhos,

Como a perguntar :

«- Pernas para que te quero ? »

“ - Para me erguer, andar e correr mundo,

Experimentando a liberdade espelhada em milhares de sorrisos !»



Mosaico de gostos e de rostos femininos,

Do Oiapoque ao Chuí.

Militantes, estudantes, camponesas,

Donas de casa, mães, jovens, amigas,

Namoradas, professoras,

Operárias, moderninhas,

Hippies, intelectuais e trabalhadoras.

Todas a carregarem o seu fardo pessoal,

seus brincos, chapéus, lenços, cocares e

também suas bandeiras, assim como a esperança coletiva.



Novas gerações também deram o ar da graça

E fizeram a marcha mais alegre e divertida.

Crianças no ventre, no colo ou ao lado.

Meninas desde cedo aprendendo como “ser e fazer diferente”,

Como se insurgir ou como dar voz à revolta,

de forma terna e firme.



A diversidade de cores, de classe social ou de filiações políticas e sindicais não

impediu a « chama lilás » daquela grande marcha feminina,

ladeando ruas e caminhos,

qual uma grande centopeia violeta…

Como as mil patas do pequeno inseto,

milhares de pernas femininas guerreiras.

Milhares de braços

a saudarem e a dizerem adeus.

Mãos a tocarem tambor,

A pintarem o sete,

A dividirem o pão.

Em momentos de descontração, reunião e repouso.

Ao ar livre ou em tendas,

Qual um grande circo de belezas multicores!



Com a utopia tatuada no peito,

Mulheres brasileiras cantaram e marcharam

Por dez dias.



Dizendo SIM à vida, à liberdade, aos direitos, à fraternidade e

a essa grande corrente feminina libertária internacional.



E dizendo NÃO a tudo e a todos que diminuem, impedem ou dificultam que esse

tão belo quanto diverso contingente feminino de um país -

inscrito em corpos de mulheres adultas ou meninas,

idosas ou adolescentes, citadinas ou camponesas,

brancas, amarelas, índias ou negras -

seja menos inteiro em sua singularidade e diferença.

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Matéria a seis mãos: Jefferson Ruiz, Nelma Espíndola e Mione Sales, todos da equipe do Blog Mídia& Questão Social.
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Nossos Agradecimentos:

Agradecemos à assistente social Tatiana Raulino, de Fortaleza, pela gentileza em nos enviar o link do vídeo acima exibido, registro de um acontecimento histórico mundial. Declaramos nosso prazer em contribuir com as várias formas de divulgação da Marcha.

Um comentário:

  1. Que lindo!
    Conseguiram com muita sensibilidade dar ao texto/poesia a força, a beleza e a diversidade que as imagens nos revelam.
    Parabéns!!!
    Ps: Sempre passo por aqui. Adoro esse cantinho!
    beijos

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