terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Editoria Caleidoscópio Baiano

I Conferência Nacional de Comunicação abre o debate sobre Política Pública de Comunicação

Claudia Correia

Estou na capital da democracia, apesar das tentativas de alguns em corromper, roubar, fraudar e burlar os mais caros princípios que devem reger as relações com a sociedade num verdadeiro Estado democrático de direitos. A cidade amanheceu fria mas, os debates da Confecom certamente vão esquentá-la.
O presidente Lula abriu ontem à noite, aqui em Brasília a inédita Confecom. Nunca antes na história deste país, em bom “lulês”, tanta gente, com tantos interesses conflitantes se reuniu para pensar uma política pública de comunicação que assegure a liberdade de imprensa, os direitos de cidadania para se ter acesso à informação de qualidade e a democratização dos conteúdos veiculados.
A tônica do discurso presidencial foi a imprensa livre, a necessária democratização da discussão sobre como conduzir a política de comunicação num país de dimensão continental onde convivem rádios comunitárias e grandes monopólios articulados internacionalmente. Comentou sobre as rádios comunitárias e a tendência em alguns casos ao aparelhamento por políticos tradicionais. A cobrança é grande porque um dos objetivos da Confecom é abrir espaço para a radiodifusão comunitária que vive em parte na clandestinidade.
Ele criticou a saída dos grandes empresários do setor, onde a Associação Nacional de Jornais-ANJ se inclui.Na verdade este grupo desde o início dos preparativos para a Confecom mostrou preocupação com o controle social sobre a política de comunicação alegando que este caminho é perigoso pois pode levar a uma censura. Sabemos bem a diferença, afinal a sociedade e os jornalistas conheceram de perto os horrores da tortura e da repressão na ditadura militar. Vladimir Herzoc e outros estão na nossa memória com sua luta em defesa de uma imprensa à serviço da democracia.
Ao contrário da maioria das teses da Confecom, que prega o controle social e público dos meios de comunicação, Lula disse ter "orgulho em dizer que a imprensa no Brasil é livre, apura e deixa de apurar o que quer, divulga e deixa de divulgar o que quer, opina e deixa de opinar quando quer." Destacou que o Estado de Direito só existe por causa dessa liberdade. Lula criticou o que chamou de "excesso" da imprensa, mas disse que o remédio é a própria liberdade. "Os telespectadores são capazes de separar o joio do trigo. São críticos implacáveis e juízes muito severos. Quem não trabalha com respeito acaba perdendo a credibilidade."
Cledson Cruz , portador de deficiência, que representa a sociedade civil e integra a delegação baiana na Confecom afirmou que o presidente “encheu linguiça” e que não espera muito de um ministro que praticamente é empregado da Rede Globo. Veio aqui disposto a participar dos debates como na etapa estadual e fazer valer as propostas aprovadas pelo movimento social.
Por enquanto o que mais me chamou atenção foi a mobilização social: cerca de 1.600 delegados de todo o país, representando todos os segmentos, 300 jornalistas na cobertura, 130 “observadores livres” , cidadãos que se inscreveram pela internet para participar como ouvintes. Uma mega estrutura foi montada e os debates prometem.
As mulheres vieram com plataforma de propostas pronta e afiada, vou divulgar no nosso próximo encontro. Vou dando notícia até quinta-feira.

Claudia Correia, assistente social, jornalista, professora da ESSUCSal, Mestre em Planejamento Urbano.
ccorreia6@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Claudia, quero lhe desejar uma ótima cobertura sobre esse evento histórico. Penso que, se hoje foi conquistado um espaço importante como este o de se pensar, discutir e como consequência, se programar uma política de comunicação mais plural e democrática, é necessário que se veja um norte para uma verdadeira liberdade de expressão. Não será uma coisa fácil, de modo algum, mas vieses serão traçados, por isso gostaria de deixar uma palavra para nosso "parceiro" Gledson Cruz: "É preciso acreditar que será possível transpor situações, as quais se mostram irreversíveis, intransponíveis. É preciso acreditar!” E, com certeza ele está fazendo parte aí, dos que lutam por uma liberdade de expressão e com uma política pública de comunicação mais justa, mais plural e democrática. Um ótimo trabalho, Claudia. Obrigada pelas notícias.

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