Alá, lá-ô! Ô, ô, ô… Mas que calor ?
Ana Lúcia Vaz

7h30 da manhã, o calor já faz suar apenas saída do banho. No elevador, o vizinho comenta o calor. Também está ensopado. “Está muito estranho! A gente morrendo de calor e outros congelando. Viu a reportagem ontem? Washington debaixo da neve. Está muito estranho!”
Devolvo um sorriso abobalhado. “É, eu vi...” A essa hora os neurônios ainda estão muito preguiçosos para tentar alguma braçada autônoma. Me deixo levar pela correnteza do Jornal Nacional.
Na Lagoa, os termômetros marcam apenas 29 graus, com unanimidade (coisa rara entre eles). Será que o choque de ordem do prefeito incluiu uma repressão aos termômetros? "Tem que estar todo mundo igual!" Que nem as barraquinhas e guarda-sóis da praia ? "E não pode passar de 40 graus!" Como os barraqueiros não podem ter mais de 80 guarda-sóis para alugar ?
Os termômetros marcam apenas 29 graus e eu suo como uma vaca pastando sob o sol de meio-dia. Embora esteja na sombra e o vento, na bicicleta, seja razoável. Ah, meu vizinho bem informado falou disso também. Uma tal “sensação térmica”. Não é a temperatura física mensurável, mas “sensação”. Conversa da moda. Deve estar nos jornais.
Para dar um tom de objetividade à subjetividade, o Fantástico descobriu até um “especialista em conforto térmico”...? O que seria do jornalismo sem os especialistas?!