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sábado, 1 de junho de 2013

Cinco Dedos de Prosa


Cinco dedos de prosa 


Blog Mídia & Questão Social
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Entrevista com Beto Moreira e com o Fórum Comunitário do Porto
















Foto: Blog Mídia & Questão Social, 2010.


  “Minha casa, minha vida é o lugar onde eu moro!”
Márcia, moradora do Morro da Previdência


Prezados leitores,

O Brasil começou a “inaugurar” estádios para a Copa do Mundo. Vários deles, segundo a própria imprensa (ver o blog do jornalista Juca Kfouri, da UOL), têm suspeitas e apurações em curso acerca de superfaturamentos. Foram previstos com um custo inicial muito abaixo do que efetivamente já se gastou em sua “modernização”. A imprensa brasileira tem indicado ainda outro efeito destas alterações: a alta dos preços dos ingressos, que tendem a expulsar dos jogos e eventos destes locais segmentos da população que costumavam ter na presença no estádio uma possibilidade de diversão. Outras análises apontam para a grande probabilidade de, em curto espaço de tempo, alguns dos estádios se tornarem inúteis, tendo em vista a baixa utilização prevista para seus espaços.

No Rio de Janeiro, além da Copa do Mundo de 2014, haverá, em 2016, as Olimpíadas. Grandes transformações estão assolando a cidade.

Embora o discurso oficial dos governos e das instituições internacionais prometa deixar “legados”, traduzidos em melhora de condições de vida para a população, não é o que vem ocorrendo. Insegurança, perda de referências culturais, remoções e despejos, autoritarismo na relação com moradores; todas estas vêm sendo práticas e consequências das ações em torno dos jogos que se aproximam.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

Abutres, um thriller social
ou uma tragédia com sotaque latino-americano




« El resignado
ejercicio del verso no te salva
ni las aguas del sueño ni la estrella
que en la arrasada noche olvida el alba.
Una sola mujer es tu cuidado… »

JORGE LUIS BORGES
Mione Sales*


Eis um grande filme argentino. Moderno, urbano, tem ação, mas não deixa a qualidade do roteiro cair. Tem a gravidade e a lentidão, por vezes, dos Pampas, qual o começo de um tango de Gardel, para depois atingir o ápice das notas musicais, sem abandonar, todavia, a atávica melancolia que produziu naquela região um Jorge Luís Borges e um Julio Cortázar. Por isso, hesitamos em classificá-lo apenas como um thriller social, pois ele flerta inapelavelmente com a tragédia.


Cinema e questão social

Eis por que me custa acreditar que alguns intelectuais não apreciem o cinema ou dediquem tão pouco interesse à matéria. Porém, justiça seja feita, nem sempre o cardápio cinéfilo está realmente à altura ou justifica interromper o fluxo crítico e criativo de mentes mergulhadas em múltiplas e densas reflexões.



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

MANDELA CÁ e o apartheid da crítica

CRITICA DO FILME
Mione Sales


« On n'est jamais à 100 %, dans le sport comme dans la vie »*.
Mandela

      Ok. « Invictus » traz um título kitsch e há momentos em que se percebe quase um esforço a mais na tentativa de comover o espectador. No entanto, apesar dos protestos de tédio de certa crítica cinematográfica especializada brasileira, enxergamos, contrariamente, nessa mais recente e trigésima produção de Clint Eastwood um excelente filme.

      Nós que integramos o blog M&QS não nos dispomos, como vocês blog-leitores bem sabem, simplesmente a nos alinharmos à correnteza do senso comum. Sondamos, espreitamos, desafiamos e até descemos corredeira abaixo, mas precisamos estar convencidos disso. Queremos, então, inspirados na nossa sensibilidade e experiência com a questão social, mas também em nossas exigências pessoais e profissionais para tratar um tema de tão grande monta como o racismo e o apartheid na África do Sul, comentar por que apreciamos e achamos importante assistir a esse filme.

       « Invictus » não constitui apenas um mero drama nem traz em seu enredo nenhuma enquete policial. Fala em amor, mas pelo ângulo do que acabou e não tem conserto. A exceção da prestimosa secretária do presidente Nelson Mandela, as demais mulheres são praticamente figurantes. Mas se a vida amorosa de Mandela – seu apelido – não tem mais jeito ou se ele não possui mais condição de nela interferir, ele vai se dedicar a reconciliar uma nação. Talvez seja esse, inclusive, um dos últimos relatos épicos de (re)fundação de uma nação, à porta que estávamos, em meados dos anos 90, da emergência espetacularizada da « globalização », com outros apelos e determinações. Entendemos que a crítica cobra de Eastwood um posicionamento heróico relativo ao passado recente da África do Sul, que ele não teria tido na ocasião, pois ainda portava sua couraça de ator «cowboy americano». No entanto, essa mesma crítica não consegue perceber a fundo a gama de nuances que o atual cineasta Eastwood põe em cena nesse filme que fala essencialmente de política. Essas são as lentes fundamentais para apreender o sentido dessa película: gostar e entender de política, pela sua margem esquerda.