Vozes das favelas
Fiel, um dos idealizadores
Não existe uma nem duas vozes na favela. São milhões. Faz muito tempo, a esquerda e a intelectualidade crítica gostava de dizer que era preciso "dar voz" a esse povo. Como se eles dependessem de nós para dizer alguma coisa. O que faltava, e ainda falta, é a gente aprender a ouvir. Não os "pobres". Mas os diferentes.
De uma multiplicidade de vozes e realidades. Dos tantos sonhos, desejos, medos e crenças de que somos feitos, nós, seres humanos, nós habitantes do Rio de Janeiro, as notícias dos últimos dias parecem dar conta só de duas ou três vozes.
Estado, polícia e exército, em sua função de ordem e repressão.
Traficantes pobres, em sua função de bárbaros, desprovidos da palavra, a se expressarem pelas armas.
População das favelas, ontem cúmplice do crime, hoje ganhando o espaço de aliados da polícia.
Montado o enredo, as vozes dissonantes até podem aparecer nas notícias. Mas não em sua razão própria. Apenas como desvio. Então surge o desrespeito policial às casas na favela. Surge a milicia. Surge... sei lá mais o quê. Mas nada que possa mudar o rumo da prosa, que possa destoar o coro afinado da luta do bem contra o mal.
Ainda bem, as vozes verdadeiramente dissonantes continuam insistindo, obstinadamente, em se fazer ouvir.Uma delas é a do Mc Fiell, rapper e militante do morro Santa Marta, a primeira favela "pacificada" do Rio de Janeiro. Vale à pena ler o jornal do grupo dele, o Visão da Favela Brasil. O título é sugestivo: "Você também é Complexo do Alemão".
Um abraço,
Equipe Mídia e Questão Social
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