quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Editoria Equipe Mídia e Questão Social

Vozes das favelas

Fiel, um dos idealizadores


Não existe uma nem duas vozes na favela. São milhões. Faz muito tempo, a esquerda e a intelectualidade crítica gostava de dizer que era preciso "dar voz" a esse povo. Como se eles dependessem de nós para dizer alguma coisa. O que faltava, e ainda falta, é a gente aprender a ouvir. Não os "pobres". Mas os diferentes.

De uma multiplicidade de vozes e realidades. Dos tantos sonhos, desejos, medos e crenças de que somos feitos, nós, seres humanos, nós habitantes do Rio de Janeiro, as notícias dos últimos dias parecem dar conta só de duas ou três vozes.

Estado, polícia e exército, em sua função de ordem e repressão.

Traficantes pobres, em sua função de bárbaros, desprovidos da palavra, a se expressarem pelas armas.

População das favelas, ontem cúmplice do crime, hoje ganhando o espaço de aliados da polícia.

Montado o enredo, as vozes dissonantes até podem aparecer nas notícias. Mas não em sua razão própria. Apenas como desvio. Então surge o desrespeito policial às casas na favela. Surge a milicia. Surge... sei lá mais o quê. Mas nada que possa mudar o rumo da prosa, que possa destoar o coro afinado da luta do bem contra o mal.

Ainda bem, as vozes verdadeiramente dissonantes continuam insistindo, obstinadamente, em se fazer ouvir.Uma delas é a do Mc Fiell, rapper e militante do morro Santa Marta, a primeira favela "pacificada" do Rio de Janeiro. Vale à pena ler o jornal do grupo dele, o Visão da Favela Brasil. O título é sugestivo: "Você também é Complexo do Alemão".



Um abraço,


Equipe Mídia e Questão Social

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