Ode ao Rio de Janeiro
Claudia Correia*
Primeiras Palavras...
O texto que segue abaixo abre minha dissertação de Mestrado, apresentada ao Insituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (2001). No dia da defesa, o professor Elenaldo Teixeira (UFBa) - falecido em 2008 -, que convidei para compor minha banca como avaliador externo, disse que era uma « ode ao Rio ». Segundo ele, eu rompia um pouco com o rigor acadêmico, permitindo-me um tom mais poético na abertura da dissertação.
Foram seis meses difíceis na Cidade Maravilhosa, mas também muito ricos para mim. No entanto, se meus colegas baianos (sete) viviam em pânico, nunca tive medo de andar pelas ruas da cidade. Por isso, aproveitei o mote da dissertação para expressar em palavras todo este sentimento, produto do meu exílio intelectual no Rio de Janeiro, que aqui compartilho com vocês, blog-leitores.
Pela janela do 485
Cidade Universitária do Rio de Janeiro - Fundão
Para muito além das fronteiras geográficas, toda cidade pulsa, vibra, revela seus contrastes, rima pobreza e beleza com uma nitidez constrangedora.
Para muito além das fronteiras geográficas, toda cidade pulsa, vibra, revela seus contrastes, rima pobreza e beleza com uma nitidez constrangedora.
Aqui toda a cidade tece a trama do cotidiano de milhões e num tempo/espaço único cresce, abriga, exclui, encanta e apavora.
Viver a cidade, decifrar o desconhecido. Experimentar o anonimato na multidão. Deixar-se seduzir pela luminosa paisagem urbana, fartar-se de gozo a cada olhar, em todas as direções. Enfrentar a cidade, vencer o medo.
Transcender no espaço, mover o corpo, suar, tremer de frio. Reverenciar o belo, o mar, o céu, os morros e, claro, as formas dos corpos. Olhar para além dos nossos próprios limites, de nossas referências culturais, certezas, valores, verdades. Todos, aliás, muito cômodos para nosso aparente conforto.
Superar a condição de filho de um lugar e adotar com generosidade todos os lugares. Admitir o diferente, combater a desigualdade em cada esquina. Andar sempre alerta, atento, pronto para defender-se do perigo sem deixar de abrir-se à inocente troca de afetos, sotaques, jeitos, cheiros e toques...
Permitir-se sentir saudade do porto-seguro, dos laços deixados por ora. Chorar o choro dos exilados sempre que o coração pedir. Temperar com prazer cada experiência, cada descoberta, cada novo sabor. Apurar o paladar, seduzir o olhar do outro e embriagar-se dele. Conto com minha baianidade para esta deliciosa tarefa diária...
- Largo do Machado - Laranjeiras -
Harmonizar cognição e subjetividade. Aprender, ensinar, sentir, trocar.
Largo do Machado...Candelária...tantos cantos!
Aqui é tempo de inverno com jeito de primavera ingênua. As flores estão nas praças, largos, canteiros. Convidam para assistirmos o espetáculo poético-urbano que insiste encenar estórias com final feliz no mesmo palco de sangrentas tragédias.
Afinal, apesar de tudo (ou de alguns?) esta feliz cidade será sempre maravilhosa!
[Escrito ao longo do trajeto do ônibus 485 / Penha, de Laranjeiras ao Fundão/UFRJ, em 10/08/2000]
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Claudia Correia – Assistente social, jornalista, professora da ESSCSal, Mestre em Planejamento Urbano e Regional. Contato: ccorreia6@yahoo.com.br.
Largo do Machado...Candelária...tantos cantos!
Aqui é tempo de inverno com jeito de primavera ingênua. As flores estão nas praças, largos, canteiros. Convidam para assistirmos o espetáculo poético-urbano que insiste encenar estórias com final feliz no mesmo palco de sangrentas tragédias.
Afinal, apesar de tudo (ou de alguns?) esta feliz cidade será sempre maravilhosa!
[Escrito ao longo do trajeto do ônibus 485 / Penha, de Laranjeiras ao Fundão/UFRJ, em 10/08/2000]
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Claudia Correia – Assistente social, jornalista, professora da ESSCSal, Mestre em Planejamento Urbano e Regional. Contato: ccorreia6@yahoo.com.br.
Claudinha,
ResponderExcluirLindo o seu Ode ao Rio de Janeiro!! Me emocionou muito, viu?! Como carioca, agradeço-lhe pela doce generosidade baiana...
Um forte abraço.