A arte pela vida contra o deserto
A arte de rua pousa para foto diante do monumento à grande arte
Ana Lúcia Vaz*
Artistas de circo, teatro de rua, foliões e outros "loucos", ou melhor, artistas, fizeram um lindo ato, segunda-feira, dia 23 de agosto, na Cinelândia, centro do Rio. Festa política. “Para que todos saibam”, diziam eles, que as cidades estão sendo privatizadas, no Brasil.
Praças gradeadas, atividades publicas cercadas, com distribuição de senha, e exigência de autorização da Secretaria de Ordem Pública para qualquer atividade de rua. Tudo isso, segundo Amir Haddad, do grupo Tá na Rua, é parte de um projeto de cidade, que avança em todo país. “A população não sabe. Porque é feito de cima pra baixo.”
Amir Haddad coordena o ato-espetáculo popular
Neste projeto, Moradores de rua, camelôs, artistas, foliões, todos foram colocados no mesmo saco e estão sendo expulsos para “limpeza das ruas”. "Querem transformar isso em Dinamarca!", protestavam os artistas.
O ato foi convocado por centenas de grupos artísticos, em todo o Brasil. Em todas as falas, a denúncia a um plano de cidade “facistóide”, nas palavras de Haddad, uma espécie de rei momo do ato no Rio. A pergunta que se repetia era: “Que Brasil a gente quer mostrar na Olimpíada?”. Para os atores-manifestantes, um Brasil brasileiro, popular, plural e em transformação. Mas, ao que parece, o projeto das autoridades é outro: ordem, controle e praças vazias.
A festa é do povo
Mas, contra a cidade deserta que o Estado promove, Haddad avisa: "Estamos vivos!" Falta de política para a cultura popular, segundo Haddad. "Só temos política de controle!"
A festa continua
No final do ato, Herculano Dias, também do grupo Tá na Rua, desabafou: “A gente se sente como o cocô da vaca. Mas eles esquecem que do cocô da vaca nascem cogumelos maravilhosos!”
Poetas do mundo pela continuidade da vida
*Ana Lucia Vaz, jornalista, mestre em Jornalismo (USP), membro da Rede Nacional de Jornalistas Populares (http://www.renajorp.net) , professora de jornalismo e terapeuta craniossacral.
** fotos Ana Lucia Vaz
Pela arte tudo! Abaixo a repressão! abraços, Mione*
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