domingo, 19 de junho de 2011

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

Visibilidade e organização dos assistentes sociais na França



Mione Sales*
Apresentação/ tradução


Os assistentes sociais franceses estão determinados a mudar o seu estatuto em 2011. Na última quinta-feira, foi realizado o terceiro dia de luta nacional, depois das manifestações de 16 de março e 7 de abril. A iniciativa é das organizações sindicais e profissionais como a Associação Nacional dos Assistentes de Serviço Social (ANAS), juntamente com a organização dos Educadores Especializados (ONES), mais a Federação dos Conselheiros em Economia Social e Familiar (FCESF), com apoio ainda de sindicatos gerais da categoria.

Eles reivindicam que o curso de Serviço Social seja reconhecido como nível superior (Bac+ 3) e ganhe também uma inscrição no nível 6 da Comunidade Econômica Europeia, pela instância que regula os diplomas, conforme os parâmetros estabelecidos em Dublin. Para tanto, eles encaminharam uma petição aos organismos e autoridades responsáveis. Trata-se, porém, de uma realidade que não é universal, pois já há, na França, inclusive cursos de Mestrado em Serviço Social (CNAM) e projetos de organização de doutorado. No entanto, é forte a tensão também com a Sociologia que quer continuar à frente do ensino. (Ver link do artigo de Elisabeth Dugué).

Nesta última quinta-feira (16 de junho), a categoria conseguiu que fosse publicada uma pequena reportagem sobre um assistente social em um dos jornais distribuídos durante a semana nos metrôs parisienses, o 20 minutes. Pode-se considerar como um ponto importante na visibilidade da profissão, que também deve ter seus direitos assegurados.

Convidamos os blog-leitores a lerem então a tradução da matéria que circulou nesta quinta e assim conhecerem um pouco melhor o cotidiano dos colegas assistentes sociais franceses.

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PerfilTrabalhadores sociais exigem revalorização

A MINHA VIDA DE ASSISTENTE SOCIAL

                                                 Foto: 20 minutes

Como os trabalhadores sociais fazem uma manifestação hoje (quinta-feira passada, 16/06/2011), 20 minutes acompanhou ontem o assistente social Nicolas Lefebvre - em Paris há cinco anos. Como todos os dias, ele chega às 8:30 no serviço de assistência social à infância da região parisiense que vai da Bastilha à Porta de Vincennes (12ème arrondissement). Já tem quinze recados o esperando. Situações mais ou menos urgentes. « Saber fazer uma triagem faz parte do trabalho », suspira o assistente social de 38 anos. Impossível atender tudo. Na sua equipe, cada profissional pode acompanhar até 32 crianças em situação de proteção social, de 0 a 21 anos.


Jornada sobrecarregada

Entre o tribunal, as reuniões com os abrigos e as famílias, ele faz todo um malabarismo para conseguir administrar uma jornada de trabalho intensa. Sem falar no jovem que se apresenta sem hora marcada e para quem ele dedica alguns minutos. « Quando alguém que nunca vem sem nos avisar, aparece, eu dou um jeito de arrumar um pouco de tempo para saber o que se passa ».

Quanto à necessidade de distanciamento profissional, Nicolas Lefebvre admite que lhe acontece, por vezes, de se apegar. « Inevitavelmente. Criamos laços, logo as relações não podem ser estanques ». A noite, então, quando ele reencontra sua companheira em Val-de-Marne, às vezes é difícil não ficar preocupado. « Felizmente », há também belas histórias. Como os telefonemas dos « seus » meninos que lhe ligam para falar da aprovação no « Bac » (diminutivo de « Baccalauréat », exame nacional francês no final do ensino médio). São boas notícias como essas que o motivam a enfrentar as situações que ele mais teme. « Os incestos, são o pior ». No entanto, mesmo se ele adora a sua profissão, ele aguarda com impaciência as ferias. “Neste momento, está tudo muito violento. Estamos na linha de frente da observação da crise do emprego, da moradia…” Um sentimento de impotência que faz alguns profissionais “quebrarem”, manifestando desde depressão até « burn-out » [síndrome do esgotamento profissional, ou estafa em altíssimo grau que pode conduzir ao suicídio. Assistentes sociais, profissionais da área da saúde e professores estão entre as ocupações mais sensíveis a este tipo de risco psicossocial]. E é justamente a impressão que a sua profissão é desconsiderada que leva, hoje [quinta, 16 de junho último], Nicolas Lefebvre a ir para a rua participar da manifestação da categoria.


Reivindicações

Assistentes sociais, educadores especializados, educadores de crianças e adolescentes e conselheiros em economia familiar exigem revalorização da profissão e dos salários. Eles estudam três anos, mas o seu diploma é reconhecido apenas como Bac+2, ou seja, uma profissão equivalente ao nível técnico.

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Mione Sales – é assistente social, doutora em Sociologia e graduação em Literatura Comparada. Contato: mionesales@gmail.com

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Links

Para navegar
http://anas.travail-social.com/

http://intervention-sociale.cnam.fr/les-formations/master/

(Mestrado em Serviço Social / CNAM)

http://www.etsup.com/

(Graduação em Serviço Social)

http://www.iutsf.u-pec.fr/departements/carrieres-sociales/

(Graduação em Trabalho Social – Carreiras Sociais)

http://www.irtsparisidf.asso.fr/web/

(Formação de Trabalhadores Sociais)

Para ler

http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/article/view/529

(Artigo de Elisabeth Dugué na Revista Em Pauta da FSS/ Uerj)

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