quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Editoria O Efeito Quixote

Atenção, trabalhadores em GREVE!!!

DESCULPE O TRANSTORNO: LUTAR É UM DIREITO

Arte: Tarsila do Amaral

Leandro Rocha*

Há cerca de 2 meses, foi iniciada uma greve dos servidores públicos federais que perpassou searas como as políticas de saúde e educação.

Serviços de extrema importância, como hospitais e universidades fecharam suas portas e/ou restringiram seus atendimentos. Ruas e avenidas foram fechadas por manifestantes em protestos que, segundo as emissoras de TV, geraram  “transtornos aos trabalhadores que tentam chegar aos seus locais de trabalho e que não têm nada a ver com isso!”. Mas será que estes transtornos são gerados pelos grevistas e pela greve por si só?



É lógico e óbvio que as ações de greve incidem e têm impacto direto no cotidiano da população. Este, inclusive, é o seu objetivo!


Tais ações visam chamar a atenção da população para as determinantes da greve, tais como a precarização e extinção dos serviços públicos, a privatização dos mesmos, o ataque às condições de trabalho das categorias profissionais inseridas nestes serviços, o afunilamento do “gargalo” de acesso da população a estes serviços, entre tantas outras questões.


Enfim, as ações de greve explicitam os transtornos gerados por uma postura e escolhas governamentais que concorrem para a extinção das políticas públicas e dos serviços públicos ofertados à população.

Uma greve não é interessante para ninguém, quer seja profissional ou usuário dos serviços. No entanto, na atual conjuntura, mais que necessária: ela é fundamental para denunciar e se opor ao retrocesso na oferta de serviços públicos, gratuitos, universais, integrados e de qualidade.


                 Mobilização de greve no Hospital Federal de Bonsucesso-RJ.

Durante todo este último período de greve, pouco ou praticamente nada foi mostrado nos canais de comunicação de massa sobre as ações de greve, suas determinações e as reinvindicações dos manifestantes. Afirmo aqui, sem medo, que nas pouquíssimas vezes em que a greve foi notícia nos meios de comunicação tradicionais a conotação das matérias punha a população em oposição aos ditos grevistas.

Arte contra o trabalho escravo.

Ora! Dada a concentração destes canais nas mãos de uma pequena parcela da sociedade, comprometida com os interesses da classe “dominante”, dentro de uma lógica de manutenção e avanço da cultura e do modo de produção capitalista, é de se imaginar de que lado e a favor de quem esses meios se posicionam.

Analisando sob este prisma, fica fácil entender porque ocorre nestas coberturas um esforço recorrente para desqualificar e criminalizar as ações de greve e seus participantes. Esta estratégia não é nova, mas se acirra, em especial, neste atual momento do capitalismo.~

É muito mais interessante aos detentores do capital tachar os defensores de direitos como chatos, implicantes, preguiçosos,  vândalos, encrenqueiros e criminosos.

Isto serve, perfeitamente, para escamotear os verdadeiros “criminosos”, que são os responsáveis pela negação do acesso da maior parcela da população aos serviços públicos; os mesmos que são responsáveis por sucatear e vilipendiar a res pública; e são ainda os que lavam as mãos cheias de sangue enquanto enriquecem às custas do genocídio da população.

Li esta semana um artigo que questionava o direito de funcionários públicos à greve. Tal artigo, que beira o ridículo, tenta mais uma vez segmentar as lutas da população e propor a cassação de direitos. Reforço, então, em oposição a este artigo, que a greve é direito de todos os trabalhadores! Sem distinção! E é ainda um dever quando enfoca a luta legítima pela garantia de direitos de todo o povo.

Ao contrário do que se tem dito, as greves realizadas por policiais, bombeiros, profissionais da saúde, educação e demais políticas, são, na verdade, uma luta para poder continuar trabalhando, assim como por melhores e concretas condições de ofertar serviços de qualidade à população.

         Assistentes sociais também na luta

Por fim, cabe à população não se deixar enganar pelas manobras de desmobilização e despolitização das lutas já utilizadas pelos detentores do capital. Cabe também àqueles que já estão na luta se esforçarem para coletivizar cada vez mais nossas bandeiras.

Eles podem falar alto, mas nós juntos falamos ainda mais alto! Pois, o problema não é o grito dos maus e sim o silêncio dos bons!

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*Leandro Rocha, assistente e "insistente" social, pós-graduado em Psicologia Jurídica pela UCAM, integrante da Comissão de Comunicação e Cultura do CRESS-RJ. Contato: e-mail: leorochas@hotmail.com.

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