Atenção, trabalhadores
em GREVE!!!
DESCULPE O TRANSTORNO:
LUTAR É UM DIREITO
Arte: Tarsila do Amaral
Leandro Rocha*
Há cerca de 2
meses, foi iniciada uma greve dos servidores públicos federais que perpassou
searas como as políticas de saúde e educação.
Serviços de
extrema importância, como hospitais e universidades fecharam suas portas e/ou
restringiram seus atendimentos. Ruas e avenidas foram fechadas por
manifestantes em protestos que, segundo as emissoras de TV, geraram “transtornos
aos trabalhadores que tentam chegar aos seus locais de trabalho e que não têm
nada a ver com isso!”. Mas será que estes transtornos são gerados pelos
grevistas e pela greve por si só?
É lógico e
óbvio que as ações de greve incidem e têm impacto direto no cotidiano da
população. Este, inclusive, é o seu objetivo!
Enfim, as ações
de greve explicitam os transtornos gerados por uma postura e escolhas
governamentais que concorrem para a extinção das políticas públicas e dos
serviços públicos ofertados à população.
Uma greve não é
interessante para ninguém, quer seja profissional ou usuário dos serviços. No
entanto, na atual conjuntura, mais que necessária: ela é fundamental para
denunciar e se opor ao retrocesso na oferta de serviços públicos, gratuitos,
universais, integrados e de qualidade.
Durante todo
este último período de greve, pouco ou praticamente nada foi mostrado nos
canais de comunicação de massa sobre as ações de greve, suas determinações e as
reinvindicações dos manifestantes. Afirmo aqui, sem medo, que nas pouquíssimas
vezes em que a greve foi notícia nos meios de comunicação tradicionais a
conotação das matérias punha a população em oposição aos ditos grevistas.
Arte contra o trabalho escravo.
Ora! Dada a
concentração destes canais nas mãos de uma pequena parcela da sociedade,
comprometida com os interesses da classe “dominante”, dentro de uma lógica de
manutenção e avanço da cultura e do modo de produção capitalista, é de se
imaginar de que lado e a favor de quem esses meios se posicionam.
Analisando sob
este prisma, fica fácil entender porque ocorre nestas coberturas um esforço
recorrente para desqualificar e criminalizar as ações de greve e seus
participantes. Esta estratégia não é nova, mas se acirra, em especial, neste atual
momento do capitalismo.~
É muito mais
interessante aos detentores do capital tachar os defensores de direitos como
chatos, implicantes, preguiçosos, vândalos, encrenqueiros e criminosos.
Isto serve,
perfeitamente, para escamotear os verdadeiros “criminosos”, que são os
responsáveis pela negação do acesso da maior parcela da população aos serviços
públicos; os mesmos que são responsáveis por sucatear e vilipendiar a res pública; e são ainda os que lavam as
mãos cheias de sangue enquanto enriquecem às custas do genocídio da população.
Li esta semana
um artigo que questionava o direito de funcionários públicos à greve. Tal artigo,
que beira o ridículo, tenta mais uma vez segmentar as lutas da população e
propor a cassação de direitos. Reforço, então, em oposição a este artigo, que a
greve é direito de todos os trabalhadores! Sem distinção! E é ainda um dever
quando enfoca a luta legítima pela garantia de direitos de todo o povo.
Ao contrário do
que se tem dito, as greves realizadas por policiais, bombeiros, profissionais
da saúde, educação e demais políticas, são, na verdade, uma luta para poder
continuar trabalhando, assim como por melhores e concretas condições de ofertar
serviços de qualidade à população.
Assistentes sociais também na luta
Por fim, cabe à
população não se deixar enganar pelas manobras de desmobilização e despolitização
das lutas já utilizadas pelos detentores do capital. Cabe também àqueles que já
estão na luta se esforçarem para coletivizar cada vez mais nossas bandeiras.
Eles podem
falar alto, mas nós juntos falamos ainda mais alto! Pois, o problema não é o
grito dos maus e sim o silêncio dos bons!
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*Leandro Rocha, assistente e "insistente" social, pós-graduado em Psicologia Jurídica pela UCAM, integrante da Comissão de Comunicação e Cultura do CRESS-RJ. Contato: e-mail: leorochas@hotmail.com.
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