SOMOS CRIATURAS EMOCIONAIS
Meninas-mulheres em monólogos que traduzem percursos e
lutas
Em
memória de Cláudia da Silva Ferreira.
« (…) dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô."
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô."
ADÉLIA
PRADO
Mione Apolinario Sales*
Ainda nos anos 90,
Zezé Polessa montou e representou no Brasil a peça Monólogos da Vagina. Foi um sucesso monumental, com
várias temporadas no Rio e São Paulo. Na época, minha vida docente combinada a
uma intensa militância no Conjunto CFESS/CRESS não me permitiu conferir o
espetáculo. Mas não o esqueci. Desde sempre, achei o título desta peça de uma
tremenda ousadia e por isso mesmo me parecia tão instigante. Como naqueles idos dos anos 90 eu não estava diretamente envolvida com
a temática feminista, o meu interesse afogou-se em meio a outras demandas e
prioridades. O tempo
seguiu seu curso qual um rio, mas…
FEMINISMO, UMA
TRINCHEIRA ATUAL
Muita água passou
embaixo da ponte. Casei, tive uma filha e por um misto de afinidades,
necessidades e coincidências, fui me reaproximando do movimento feminista. Deste
interesse renovado, surgiu, no final de 2012, o grupo Lutas Lobas no
Facebook, onde tenho confirmado, ao lado de várias mujeres do Brasil e do mundo a premência desta frente de lutas. O balanço do final da primeira
década do novo milênio veio mostrar que, a despeito dos avanços
dos debates de gênero (neste caso, a luta se ampliou com novos atores, parceiros
e parceiras e suas demandas), a problemática feminista está mais do que nunca
na ordem do dia.
Muitos homens,
jovens ou mais velhos, vieram, desde os anos 60, expressando sensibilidade e
solidariedade em relação aos nossos pleitos, aceitando e se somando ao que
reivindicávamos como relações intersubjetivas mais ricas e mais plenas para
homens e mulheres no cotidiano. Para tanto, requeria-se um olhar renovado e
investimentos a dois quanto aos cuidados com a casa e à criação de filhos,
visão emancipatória da mulher, além dos sonhos de um mundo melhor e de um modo
de vida menos rígido e mais criativo para todos. Muitos desses homens
pertenciam e ainda pertencem a uma cultura pacificista, hippie, ecologista e de
esquerda, e portanto tiveram menos dificuldade em visualizar o que aspirávamos,
qual era a nossa utopia e necessidades de revolução no cotidiano.
Nos últimos 25 anos, contudo, acabou a Guerra Fria e caiu o Muro de Berlim, mas infelizmente renasceram e recrudesceram tensões relativas à questão cultural e às diferenças étnicas e religiosas, cujo impacto e complexidade já haviam sido previstos pelos que fizeram a esquerda dos anos 20 do século passado. Assim, com o fim das ideologias ligadas ao regime soviético, um mar de contradições locais e transnacionais explodiram, sendo o islamismo associado à ameaça terrorista a principal delas. As tradições foram objeto de uma renovação, porém dentro de um viés de extremo conservadorismo.
Neste cadinho de
cultura, as relações patriarcais, que sempre estiveram e permanecem no cerne da
crítica do movimento feminista, foram paradoxalmente ressacralizadas, do
Oriente ao Ocidente, em mistura heteróclita de islamismo, fundamentalismo
muçulmano, credos evangélicos e catolicismo carismático. As mulheres
tornaram-se, portanto, de um dia para o outro, em muitos países, grupos sociais
e segmentos religiosos, o alvo privilegiado desta reforma conservadora global,
vendo encurtada a sua liberdade, cerceados os seus direitos de ir-e-vir, de trabalhar e de estudar,
bem como, em muitos casos, perderam o contrôle sobre o próprio corpo.
Assim, os anos
2000, para muitas sociedades e culturas, não trouxeram novas formas de
relacionamento. Tampouco bastaram as conquistas tecnológicas para lidar com as
imperiosas dificuldades de gestão do cotidiano. Recorreu-se principalmente,
como se viu, a soluções atávicas em repúdio e resistência ao « mundo
novo » almejado pelos socialistas e ao « mundo moderno »
prometido pelos capitalistas. Neste contexto, as mulheres foram apanhadas por
diversos tufões locais que as envolveram e enredaram em velhas e novas amarras.
Cobertas da cabeça aos pés nas sociedades islâmicas ou apenas de minissaia nas
sociedades ocidentais, as mulheres viram um respeito primordial que a elas era
devido esgarçado, sendo ora invisibilizadas ora aviltadas. Não
tem havido, portanto, meio termo nem limites suficientes capazes de impedir a
passagem ao ato para todo um contingente de homens nos principais centros
urbanos e nos mais diversos rincões do planeta. Formas de violência primitiva
contra nós, mulheres, foram reatualizadas em demonstração brutal da dificuldade
dos homens se (re)verem, se pensarem e projetarem um futuro para si de outra
maneira.
As mulheres foram
longe demais, parece, em suas pautas, bandeiras, capacidades individuais e
coletivas. As mulheres foram longe demais, parece, ao exigir educação,
trabalho, autonomia e direito a decidir sobre o próprio corpo. As mulheres
foram longe demais, parece, ao aspirar à liberdade, a relações mais
igualitárias e ao prazer. Tudo isso, de alguma maneira ou de muitas maneiras,
ameaça a ordem hierárquica patriarcal, sob a qual se esconde e se protege a
subjetividade masculina.
Em diversos pontos do mundo, a religião é o grande pretexto para a nova-velha opressão feminina. Noutros, bastam o cinismo, o deboche, a falta de dignidade e de decência masculinas, calcados num hedonismo rebaixado, vulgar e com motivações torpes. Vai longe o tempo das belas propostas de liberação sexual de Wilhelm Reich ou mesmo das contundentes e questionadoras invectivas libertinas do Marquês de Sade e, mais tarde, de P. Paolo Pasolini, que demoliam a hipocrisia da família, da Igreja e da aristocracia. A violência contemporânea contra a mulher, desprovida de qualquer justificativa mais elevada, é um apanágio contra o medo do novo e um dos sinais mais evidentes da cultura da descartabilidade humana, engendradas pelo capitalismo do século XXI.
Este debate e suas lutas têm mobilizado mulheres e feministas do mundo todo, mas, não obstante, sentimo-nos, por vezes, entre surpresas e incrédulas ante esta enorme onda misógina que, em parte, caracteriza a cultura religiosa e sexual do novo milênio. Muitos avanços persistem e novos valores são experimentados, apesar disso. Mas sentimo-nos também cansadas diante do recrudescimento do machismo e do aumento da violência contra meninas e mulheres, perda de direitos encaminhadas por governos de direita e reformistas de esquerda, ou simplesmente por sua falta de coragem em tentar assegurar pautas clássicas do movimento feminista.
… E NO MEIO DO CAMINHO HAVIA UM LIVRO: Eu Sou Uma Criatura Emocional
Foi assim com
grande alegria que descobrimos o livro I’m an Emotional Creature (2010) de
Eve Ensler, feminista norte-americana e autora dos Monólogos da Vagina. O
livro publiciza um trabalho com adolescentes feito por Ensler em diversos
continentes. Ela empresta ali a sua verve criativa teatral para dar voz às
múltiplas jovens personagens femininas que entrevistou. Ela encarna uma espécie
de porta-voz de dores contadas no singular e no plural. Dores da França
aos Estados Unidos, à África, a Israel, à China, ao Irã e à Palestina…
Ensler nos propõe
uma cartografia das velhas e novas contradições que assolapam a alegria e a
juventude de meninas e adolescentes do mundo todo. Ela realiza uma análise nada
fria e oferece-nos alguns dados, irrigando tudo a partir da sua tese de que
nós, mulheres, somos criaturas emocionais.
Todos os seres humanos também o são, segundo ela, mas nós mulheres o somos em
especial. De acordo com o seu olhar, isso não é um ponto fraco, uma fragilidade
ou um defeito; mais, nos constitui enquanto mulheres. Isso talvez explique por
que, mesmo gostando de sexo, nem sempre estamos disponíveis. Não se trata de um
estado temperamental, mas de necessidade de inteireza, liberdade de escolha e
respeito por nossa fisiologia, tão rica em hormônios, o que nos leva facilmente
às lágrimas e a explosões de humor. Puro extravasamento legítimo.
Graças ao trabalho
de Ensler, vemos o quanto as armadilhas e pressões dos relacionamentos estão
presentes no dia-a-dia de meninas do mundo todo, não somente entre elas e os
rapazes, mas por vezes no seio do grupo de amigas, assim como entre mães e
filhas. Some-se a isto a problemática da violência doméstica, com sua gama de
tensões, silêncios e sofrimento, para dimensionar “a dor e a delícia”, ainda
hoje, de ser adolescente e mulher em várias partes do planeta. Este persiste
como um grande desafio para o movimento feminista e para os trabalhadores
sociais das diversas políticas sociais e equipes de saúde. Como proteger as meninas e mulheres?
Como apoiá-las em suas demandas? Como mostrar-lhes que o
que sucede a muitas delas não é destino nem uma fatalidade e tampouco castigo
divino?
Eve Ensler adentra,
assim, com muita sensibilidade no delicado terreno dos que pensam que emoção não
é compatível com razão, escolha, autonomia e liberdade. Emoção, pelo contrário,
é, na sua opinião, algo que exige atenção e muito respeito. Ou como diria o monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh, é da
ordem do « amor e compreensão », aquele tipo de amor que leva em
consideração as necessidades do outro, da companheira, da namorada, da amiga,
da filha, da amante e não decide pura e simplesmente, à sua revelia, o que é
melhor para ela.
O livro Eu
sou uma criatura emocional é sobretudo um chamado à ação, para que não
cruzemos os braços, deixando nossas filhas e meninas, ora serem empurradas para
o silêncio amargurado, noutras para a anorexia, segundo padrões de beleza
externos tirânicos. Na sociedade contemporânea, de forte cariz patriarcal,
renova-se, como sabemos, a todo instante e com outros valores, uma lógica
misógina, em que se tenta sucessivamente submeter, dominar ou escravizar
literalmente meninas e jovens. Ensler, tendo pertencido a outra geração, à qual
foi também imposto um rígido modelo feminino, faz um apelo a que ajudemos nossas
meninas a resistirem, imbuída da convicção de que é, sem dúvida, mais saudável
questionar do que simplesmente agradar. No começo da adolescência, ela nos diz,
a maioria das meninas tem bastante saúde psíquica e capacidade de resistência,
mas vão, aos poucos, cedendo à pressão social e por vezes construindo
silenciosa e isoladamente uma relação de culpa, repressão, medo e terror, por
usarem minissaias, maquiagem e decotes, serem ou se sentirem gordas e feias, ou
não atingirem os padrões convencionais de beleza.
« estranho
silêncio que me acompanha
quando não quero ouvir as vozes do mundo
nem saber o que nele acontece
estranho silêncio que me atormenta na noite
e me deixa navegar desgovernada desvalida
sem âncoras ou vendavais
enquanto percorro esses caminhos tristes e equivocados
alguns homens tomam cerveja no bar da esquina
e eu queria estar lá. »
quando não quero ouvir as vozes do mundo
nem saber o que nele acontece
estranho silêncio que me atormenta na noite
e me deixa navegar desgovernada desvalida
sem âncoras ou vendavais
enquanto percorro esses caminhos tristes e equivocados
alguns homens tomam cerveja no bar da esquina
e eu queria estar lá. »
ADRIANA
GODOY
Liberar a voz
destas meninas e adolescentes é, portanto, fundamental, pois ali repousa uma
preciosa fonte de poder, ligada à sua autenticidade, unicidade, intensidade e
energia selvagens. Importante igualmente frear o potencial de julgamento
opressor dos adultos que querem, muitas vezes, que elas renunciem ao que sabem,
sentem e veem. 74% das meninas declararam se sentir pressionadas a agradar a
alguém ou a todos, e assim abandonarem a si mesmas em nome da adaptação a
modelos pré-estabelecidos. Ensler, em contrapartida, convida as meninas e
adolescentes a serem responsáveis por suas próprias necessidades. Há, segundo
ela, uma tendência mundial a negar as opiniões e desejos dessas garotas, o que
vai posteriormente repercutir na sua vida de mulheres adultas. Vejamos alguns
números por ela apontados do que se passa nos dias de hoje com meninas e
mulheres mundo afora:
- Uma entre 05 estudantes secundaristas norte-americanas afirma não conhecer 03 adultos a quem recorrer em caso de problema;
- 06 entre 10 adolescentes norte-americanas têm sua primeira relação sexual antes de concluir o Ensino Médio;
- A abstinência sexual não necessariamente retarda o começo da vida sexual e pode, inclusive, ante o não uso de adequados métodos anticoncepcionais, aumentar o risco de uma gravidez não-planejada e de doenças sexualmente transmissíveis (DST);
- 730.000 meninas e jovens iriam engravidar nos EUA, em 2010;
- Na África, por volta de 3 milhões de garotas correm o risco de mutilação genital, a cada ano, o que corresponde a mais de 8.000/dia;
- Num programa de jornalismo norte-americano, 20/20, um grupo de crianças, quando perguntadas, se preferiam ser gordas ou perder um braço, 100% responderam unanimente preferir perder o braço;
- A anorexia nervosa, entre os distúrbios alimentares, é 12 vezes mais alta que todas as outrascausas de mortalidade entre meninas e jovens entre 15 e 24 anos;
- 1/ 3 de estudantes secundaristas norte-americanas encontravam-se envolvidas em relações abusivas. 40% das garotas, entre 14 e 17 anos, conhecem uma garota que foi espancada pelo namorado;
- Garotas entre 13 e 18 anos constituem o maior grupo na indústria do sexo. Por volta de meio milhão de garotas abaixo de 18 anos são vítimas do tráfico sexual a cada ano;
- Nos países em guerra, existe, em média, 300.000 crianças-soldados. 40% delas são meninas. Muitas são abusadas sexualmente;
- 100 milhões de meninas estão envolvidas com o trabalho infantil no mundo;
- Mais de 900 milhões de meninas e mulheres vivem com menos de 1 dólar/dia.
Em meio a tantas estatísticas trágicas, Ensler nos dá, pelo menos, uma boa nova e uma dica para pais, meninas, profissionais da área social, escolas e governos:
As pesquisas têm mostrado que garotas envolvidas com
esportes no Ensino Médio têm menos tendência a se envolver com comportamento
sexual de risco, do tipo: elevado número de parceiros, uso inconsistente ou não
uso de métodos contraceptivos ou relações sexuais sob a influência de drogas ou
álcool. O decréscimo na participação em comportamentos sexuais de risco associado
com a prática de esportes dá-se em parte devido à demora na iniciação sexual e
também em parte a uma dinâmica psicológico-social, como maior autoconfiança,
menor submissão à identidade e papéis femininos estereotipados, e um desejo
maior de evitar a gravidez. ( p. 37).
Ela recomenda que
as jovens possam se mover e tomar decisões segundo o seu próprio ritmo e
velocidade, andar de acordo com o tamanho das suas pernas e usar suas cores
favoritas. Que elas possam ser inteligentes, críticas e não-submissas. Se
examinarem e escutarem as próprias mães, verão ali resumidas tristezas,
reclamações e perdas de quem negou a própria voz, desejos e opiniões, o que lhes
mostra de maneira flagrante a importância de não abrirem mão da condição de criaturas
emocionais. Esta condição é portadora de muita consciência e abertura
pessoal, capaz de protegê-las das regras exclusivas dos adultos, que muitas
vezes tentam ensinar às meninas e jovens a ser menos e a se comportarem full time: « Sentem-se! Calem-se! »
Amar, em hipótese nenhuma, não é apenas agradar o outro nem obedecer é sinônimo
de respeitar. Não cabe, pois, sufocar questões, dúvidas e divergências, sempre
em nome das instituições e estruturas do poder masculino.
O livro é também
interessante, porque situa-se na fronteira de outras preocupações e reflexões,
especialmente do debate ecológico, social e econômico. Ensler indaga, por
exemplo: « por que as pessoas têm mais medo de sexo do que dos
mísseis Scud? » [Why is everyone so much more afraid of sex than SCUD
missiles ?, p. 4]. Mostra as
escolhas e os prejuízos feitos em nome apenas do parâmetro do dinheiro, os
quais reproduzem não somente a pobreza, mas têm consequências drásticas, como o
terrorismo. Outro belo questionamento seu: « como se
justifica que tenhamos dinheiro para matar, mas não para alimentar e curar? Como
se justifica que tenhamos dinheiro para destruir, mas não para arte e escolas ?”
[How come we have money to kill but no money to feed or heal? How come we
have money to destroy but no money for art and schools?, p. 5 ].
A sociedade
capitalista e patriarcal tem, na prática, sido, assim, cúmplice de uma série de
violências praticadas contra meninas e mulheres, que vêm sendo sequestradas,
violadas, queimadas vivas, e mortas de fome. No fundo, segundo Ensler, a
escravidão feminina nunca acabou. Esta situação perdura, porque, infelizmente,
as mulheres ainda não se conscientizaram de que são maioria na sociedade [Ver abaixo
o link do clip « One billion rising », que sonha com esse despertar].
Por outro lado, mulheres que assumiram o poder reproduzem um modo de governar
que é masculino. Os sonhos de mudança e a revolução, pois, têm sido negociados
barato, o que leva a que os jovens hoje não estejam preocupados em se rebelar,
mas apenas em consumir. As meninas em particular continuam sendo adestradas
para não gostarem ou terem medo de ser mulheres, para se submeterem e
corresponderem a uma série de padrões estéticos, para serem alienadas do seu
corpo e do sexo, o que conduz a graves problemas relacionados à aparência, à
identidade e à autonomia do desejo.
PENSE E DANCE - Manifesto
para meninas e jovens mulheres
« Liberdade
é quando eu rio na vontade do assobio..."
FAUSTO
NILO / MORAES MOREIRA
Fazemos nossas as
palavras da autora em seu apelo final e toques fundamentais para as meninas do
mundo e do Brasil:
(…)
Ninguém irá
salvá-la
Ler na sua
mente as suas necessidades
Conhecer seu
corpo melhor do que você
Lute sempre
Pergunte
Diga o que
você quer
(…)
Diga não
quando não quiser fazer algo
Diga sim se
os seus instintos forem fortes o suficiente
Mesmo se
todos ao seu redor discordarem
Decida se
quer ser amada ou admirada
Decida se
estar em forma é mais importante do que descobrir
O que você
está fazendo aqui
Acredite no beijo
Lute por ternura
Cuide o máximo que puder
Chore o
quanto quiser
(…)
Mova-se o
mais rápido que puder
Tão longe quanto lhe permitir a sua velocidade
Pergunte-se
tais questões:
Por que
estou sussurrando quando eu tenho algo a dizer?
(…)
Por que estou
me desculpando cada vez que expresso minhas necessidades?
(…)
Por que
estou morrendo de fome, se eu adoro comer?
Fingindo que isto não significa muito para mim?
Machucando-me
quando eu gostaria de gritar?
Por que
estou esperando
Choramingando
Sofrendo
longamente
Me
adaptando?
Você conhece
a verdade:
Algumas
vezes dói saber
(…)
É mais fácil
ser mesquinho do que inteligente
Mas isto não
é o que você é.
A poderosa mensagem
que se desprende das palavras de Eve Ensler é:
Dance. Viva. Seja
uma criatura emocional. Faça coisas que lhe deem prazer. Goste do seu corpo.
Use minissaias. Pergunte. Questione. Goste de ser uma garota. Recuse. Lide bem
com suas imperfeições, se elas não lhe incomodam. Mova-se. Sexo pode ser muito
bom, se você assim o desejar. Você não é mais uma garotinha. Você agora é uma
mulher. Diga a sua mãe o que, do fundo da sua alma, você gostaria de dizer a
ela. Abra o seu coração. Abra suas pernas, somente e quando você quiser. Fale.
Grite. Celebre e respeite as suas emoções.
:::::::::::::::::::
Mione Sales – é assistente social e doutora em
Sociologia (USP). Feminista, fundadora e participante do grupo de discussão «
Lutas Lobas » no facebook, tem investido nas redes sociais como um dos espaços
possíveis de militância. Responsável pela editoria
Volta do Mundo, é, desde setembro de
2009, uma das editoras do blog Mídia e Questão Social. E-mail: mionesales@gmail.com
::::::::::::::::::::
Referência
bibliográfica
ENSLER, Eve. I am an emotional creature. The secret life of girls around the
world. N.Y., Villard books trade paperback edition, 2010.
Links
Vídeos
[« Embrace your inner girl », Abrace a sua garota interior. Conferência
de Eve Ensler no Ted Talks sobre o
livro I’m an emotional creature, com
possibilidade de legenda em português do Brasil]
[« I’m a emotional creature », Isabel Allende entrevista Eve
Ensler]
[« The
Vagina Monologues », com legenda em espanhol]
[“One billion rising”. Clip do movimento V-day, liderado por Eve Ensler
contra a violência feita às mulheres]
[« Hoje
eu acordei mulher » – Opanijé]
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