A Rua D’Ajuda é o nosso cinturão de giz...
Somos todos herdeiros da Comuna de Paris
Charge: Nico
Ricardo Pereira*
Os professores do Estado do Rio de Janeiro estão em greve desde 07 de junho. Depois de várias tentativas frustradas de negociação junto ao Governo do Estado, conduzidas pelo Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE) e outras lideranças organizadas em defesa da educação pública e por melhores condições de trabalho, o movimento recrudesceu.
Os professores do Estado do Rio de Janeiro estão em greve desde 07 de junho. Depois de várias tentativas frustradas de negociação junto ao Governo do Estado, conduzidas pelo Sindicato dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE) e outras lideranças organizadas em defesa da educação pública e por melhores condições de trabalho, o movimento recrudesceu.
Primeiramente, um grupo de 60 profissionais ocupou, no último dia 12 de julho, o gabinete do secretário de Educação, Wilson Risolia. O grupo só deixou o local após audiência com o secretário de Educação e com Sérgio Ruy, secretário de Planejamento.
Ao final desta reunião, que não apresentou avanços no que diz respeito ao atendimento das reivindicações dos grevistas, a categoria decidiu criar um acampamento permanente. Esta iniciativa, inédita na categoria, se materializou por meio da instalação de 57 barracas na Rua d’Ajuda por esta ser a rua onde está localizada a sede à Secretaria da Educação. As barracas foram instaladas em frente ao prédio.
Ao final desta reunião, que não apresentou avanços no que diz respeito ao atendimento das reivindicações dos grevistas, a categoria decidiu criar um acampamento permanente. Esta iniciativa, inédita na categoria, se materializou por meio da instalação de 57 barracas na Rua d’Ajuda por esta ser a rua onde está localizada a sede à Secretaria da Educação. As barracas foram instaladas em frente ao prédio.
Ali 250 professores, alunos e funcionários se revezam durante o dia, e a noite 100 deles permanecem no local com o objetivo de sensibilizar a opinião pública para a situação da educação pública no Rio de Janeiro e também de denunciar a intransigência do governador, já evidenciada no recente episódio da mobilização dos bombeiros.
Foto SEPE/RJ: Ocupação da Seeduc na greve dos professores, em 12-07-2011.
Foto SEPE/RJ: Mobilização e acampamento, na Rua D’Ajuda, no Centro do Rio de Janeiro.
Entre negociações e barracas mais uma semana se passou... Durante esses dias tivemos aulas públicas, debates, festas, sarau, arraial, chuva intensa, sol radioso, banhos escassos, tendas inundadas.
Fotos SEPE/RJ: Festa Junina no acampamento, em frente à Seeduc, em 13-07-2011.
Nessa luta, em meio as nossas férias, constatamos que o apoio da população tem aumentado. Recebemos visitas ilustres, nos últimos dias, em adesão a nossa luta como a do cantor Tico Santa Cruz, da Banda Detonautas, do ator Sergio Marone [via internet]. A atriz Neuza Borges e o ator Osmar Prado, que estava no Teatro Glauce Rocha, deixaram seu apoio, conforme os vídeos abaixo:
A atriz Neuza Borges apoia os professores, em 12 de junho de 2011, na AV. Nossa Senhora de Copacabana.
A declaração do ator Osmar Prado na saída do Teatro Glauce Rocha em, 24-07-2011.
Em nosso acampamento foram realizadas apresentações de poesias, de hip hop e de animadores culturais que trabalham nas escolas estaduais, integrantes do movimento grevista.
Foto SEPE/RJ: Apresentação do SIDERAIS, em 19-07-2011.
Na última sexta (22), os alunos e profissionais da Escola Municipal Ordem e Progresso, solidários com a greve dos profissionais da rede estadual, se cotizaram e compraram um bolo para comemorar os primeiros 10 dias de instalação do acampamento da educação estadual na porta do prédio do governo estadual.
Quem nunca participou de um acampamento ou mesmo de uma panfletagem, está tendo a oportunidade de ver como se organiza uma iniciativa que não dispensa a participação de todos em seu funcionamento. São assim nas tarefas de alimentação, limpeza e segurança do campo, assegurados pelos participantes do campo D’ajuda. Essas atividades, sobretudo vão além de esclarecer a população sobre os motivos da greve na rede estadual e denunciar os baixos salários e as precárias condições de trabalho nas escolas.
Na última sexta (22), os alunos e profissionais da Escola Municipal Ordem e Progresso, solidários com a greve dos profissionais da rede estadual, se cotizaram e compraram um bolo para comemorar os primeiros 10 dias de instalação do acampamento da educação estadual na porta do prédio do governo estadual.
Quem nunca participou de um acampamento ou mesmo de uma panfletagem, está tendo a oportunidade de ver como se organiza uma iniciativa que não dispensa a participação de todos em seu funcionamento. São assim nas tarefas de alimentação, limpeza e segurança do campo, assegurados pelos participantes do campo D’ajuda. Essas atividades, sobretudo vão além de esclarecer a população sobre os motivos da greve na rede estadual e denunciar os baixos salários e as precárias condições de trabalho nas escolas.
Vemos aqui uma oportunidade de olharmos, também, a realidade da globalização capitalista e apontarmos baterias contra esse inimigo. Entre panfletagens e manifestações, ainda encontramos tempo para falar sobre velhas e novas lutas: os 140 anos da Comuna de Paris, contra os mega eventos, contra a corrupção, pelo direito a moradia, contra a precariedade dos serviços públicos, pelo direito ao aborto, contra a criminalização dos movimentos sociais. E de aprender canções revolucionárias e conhecer filmes que não estão no topo das audiências.
Travamos novos conhecimentos, partilhamos conversas, planos de aula. Muitas linguagens e saberes foram se misturando ao longo desta semana. Uns com os outros, encontramos formas divertidas de aprender, debater e agir. Só sairemos deste local depois que o governo do estado apresentar uma contraproposta que seja considerada satisfatória, mas com certeza, ganhamos companheiros novos, que juntos a outros mais antigos estarão na militância revolucionária e na luta social. Tal como organizamos e gerimos juntos este acampamento na Rua D’ajuda: na alegria de nos sentirmos vivos, libertários.
REVOLUCIONÁRIOS ATÉ DEBAIXO DE ÁGUA
Acampamento do SEPE/RJ, em frente à Secretaria de Educação, na Rua d'Ajuda, no Centro do Rio de Janeiro em 23-07-2011.
Mesmo que o governador e sua equipe tenham rezado para a chuva cair e acabar com o acampamento, isto não aconteceu! Sexta-feira, quando não esperávamos, a chuva contra-revolucionária atacou. Defendemo-nos como foi possível: guarda-chuvas, lonas, sacos de plástico, casacos impermeáveis. À noite, as sequelas eram visíveis: algumas tendas alagadas, um espirro aqui e ali. Mas enquanto continuarmos as nossas discussões políticas, enquanto continuarmos a militar com o sorriso no rosto... Continuaremos a vencer. Vamos mostrar a esta chuvinha reacionária, que somos militantes até debaixo d’água!
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Ricardo Pereira – é professor Docente da disciplina de Artes da rede estadual. Contato: e-mail: ricardoploc80@globo.com
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