tag:blogger.com,1999:blog-7438803797827977189.post7325034719583643691..comments2023-12-18T06:15:24.846-03:00Comments on Mídia e Questão Social: Editoria Web@TecnoLeandro Rochahttp://www.blogger.com/profile/05315271502375818593noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-7438803797827977189.post-37119311119625455742012-11-18T22:04:46.210-02:002012-11-18T22:04:46.210-02:00Querida Nelma, gostei do enfoque que deu ao seu ar...Querida Nelma, gostei do enfoque que deu ao seu artigo. Concordo com você e Eliana Brum, que não devemos ter medo das palavras. Certos eufemismos apenas pasteurizam realidades e escondem as suas distorções. <br /><br />Se no passado a sabedoria dos « antigos » tinha muitas vezes o peso do conservadorismo, a ode incessante ao « novo », hoje, por sua vez, esvazia completamente o papel da tradição, da experiência e da transmissão, anulando reciprocidades intergeracionais. E temos um paradoxo: temos mais do que nunca investimento em qualidade de vida, para vivermos mais tempo e melhor, no entanto depois desprezamos as « pessoas que vivem mais »: usurpamos delas qualquer chance de prolongamento da sua vida produtiva, condenando-as a um afastamento progressivo da "pólis", o que concorre para uma perda brutal de autoridade e legitimidade. <br /><br />No quadro atual, os velhos devem permanecer, não porque são importantes, têm algo a dizer e podem permitir que os jovens entrem mais cadenciadamente na vida adulta. Não, hipócrita ou cinicamente, o sistema diz que eles devem permanecer ativos apenas para demorarem a receber a aposentadoria, ou seja, por uma razão monetária dos cofres públicos. Se são repelidos da vida produtiva, desqualificados subrepticiamente em virtudo do elogio intenso aos jovens, como conceber ainda que continuem vivendo e sobrevivendo com nada ou tão pouco, apenas para se solidarizar com as contas públicas, justamente eles que já fizeram tanto pela sociedade e pelo país? <br /><br />Podemos evocar em contrapartida a importância de se ceder outro tipo de espaço aos « velhos » : um autêntico e valorizado espaço simbólico. Nisso, um dos maiores diretores de filmes de animação no Japão, Hayao Miyazaki [Totoro, Ponyo, Kiki, a feiticeira, Viagem de Chihiro…], é mestre: em cada filme seu, há crianças, adultos e idosos, com suas rugas, sua locomoção mais restrita, mas em contato com as crianças. Não estão ali para apavorar, longe disso, mas para dizer que essas pessoas também fazem parte da sociedade e têm um papel, inclusive na saúde mental dessas crianças, cujo ego não se desenvolverá dilatado e distorcido, alimentado apenas por autoreferências superficiais e egoístas. <br /><br />Pode, assim, haver um respeito profundo na forma de incluí-los na paisagem, não só da dura realidade, mas também dos sonhos: território dos vínculos, da troca e da esperança. <br /><br />Parabéns, Nelma, por nos inspirar e por defender com tanta argúcia esse bom combate! Grande abraço,<br />Mione Sales* <br />Editoria Volta do Mundo]<br />Mione Saleshttps://www.blogger.com/profile/12389411197040157998noreply@blogger.com