segunda-feira, 29 de março de 2010

Editoria Caleidoscópio Baiano

Câmara de Salvador homenageia o Jornal Aurora
Publicação é destacada como a resistência das ruas

 *Claudia Correia


  Foto: Arnaldo Jesus

A Câmara Municipal de Salvador, na última sexta-feira (26), rendeu homenagem ao jornal Aurora da Rua por seus três anos de existência. Ele abre possibilidades para a população de rua de Salvador resgatar seus direitos. Assim a vereadora Marta Rodrigues (PT) abriu a sessão comemorativa ao aniversário do único jornal de rua do nordeste brasileiro.

Ela destacou a importante função social do projeto apoiado pela Ação Social Arquidiocesana (Asa), que já formou 51 pessoas em situação de rua para produzirem o jornal. “A cidade precisou no passado de fortes para se proteger e o Aurora também constrói com força uma história nova para os que são invisíveis e excluídos das políticas públicas”, comparou Marta Rodrigues.


Mais uma história que começa em Canudos

A idéia do jornal surgiu em Canudos-Bahia em 2006. Segundo Irmão Henrique, ele nasceu como uma utopia. O objetivo era ajudar a recuperar a dignidade do povo de rua. “O que vai permanecer desta experiência toda são mulheres e homens que caminham de cabeça erguida, encontraram uma nova aurora em suas vidas”, destacou com emoção.

Desde 2007 o jornal realiza um trabalho sócio-educativo com os moradores de rua, na comunidade da Trindade, no Comércio, feito pelo projeto “Levanta-te e andas” da Igreja Católica. Muitos deles conseguiram superar doenças e adquirir uma renda mensal para se inserirem na vida social.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Editoria Estranha Semelhança com a Utopia

3000 mulheres caminham 116 quilômetros por suas reivindicações


*Jefferson Ruiz

No último artigo da editoria “Estranha semelhança com a utopia” dialogamos sobre como a mídia tenta transformar lutas e herois populares em datas e objetos de consumo e comércio. Na contramão desta perspectiva, de 08 a 18 de março milhares de mulheres de todo o Brasil marcharam por 116 quilômetros, na terceira ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres. 

Nesta quinzena, no lugar de um artigo, teremos contato com depoimentos, informações e reivindicações desta Marcha. Estou convencido de que eles falam por si só.

Registro e agradeço a enorme contribuição e participação, para este texto, das companheiras Maria Isabel da Cruz, de Paulínia (SP), e Fátima Barbosa, de Campinas (SP). A principal fonte de pesquisa (feita por Bel e Fátima) para as informações abaixo foi o blog Trezentos. As fotos são de participantes da Marcha e do fotógrafo João Zinclair.

Com esta singela contribuição esperamos fortalecer a luta por um mundo em que a igualdade entre todos os humanos, como seres sociais que somos, seja, efetivamente, realidade!!!


Relato geral da atividade


Não existe libertação individual, toda libertação é coletiva”.
(Iolanda, de São Paulo)


A Marcha Mundial das Mulheres é um movimento feminista internacional que nasceu no ano 2000. A inspiração para sua criação foi a manifestação realizada em 1995, no Canadá, quando 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”.

terça-feira, 23 de março de 2010

Editoria Web@Tecno

CONTROVÉRSIA e REBELIÓN, vale a pena lê-los.



*Nelma Espíndola


Faz um mês que escrevi na Web@Tecno. Isto, porém, não me faz ficar de modo algum longe do blog M&QS, e dessa editoria, muito menos, por incrível que pareça. Esta minha ausência dá-se apenas na forma escrita.

Tenho lido muitas sugestões dos meus blog-amigos. Vou dividi-las com vocês todos, podem ter certeza. A busca de manter a editoria numa linha atrativa e com ótimos conteúdos de informações, como já havia escrito antes, é um compromisso coletivo dos que integram o blog Mídia e Questão Social. Há trocas constantes, quase infinitas entre nós colaboradores do blog, amigos e por que não dizer também com os nossos blog-leitores, o que é de suma importância para todos nós.

Por isso, vale ressaltar a responsabilidade na apresentação dos conteúdos, pois a abordagem de temas políticos e sociais requer uma atenção dobrada para toda uma série de contradições. Tudo isso leva a que, na condição de bloggers ou leitores, reflitamos sobre a conjuntura, e consequentemente sobre a nossa própria vida e perspectivas melhores para ela.

Bem, sem mais delongas, vamos agora à partilha. Quero dividir com todos vocês uma das “apetitosas” sugestões para quem tem interesse de fazer ótimas leituras pelas galáxias da internet. Somos um planetinha recente e em evolução, porém, como fazemos parte desse universo, temos aproveitado o espaço da Web@Tecno para falar de outros planetas que a compõem.

Dessa vez, foi Mione Sales, que todos vocês já conhecem por seus excelentes textos na editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta, me sugeriu um roteiro de navegação. A primeira parada interestelar permitiu-me ler e conhecer uma entrevista do jornalista espanhol Pascual Serrano, fundador da página Rebelión (http://www.rebelion.org/). Essa entrevista aborda os fatos “silenciados” pela imprensa comercial, que, segundo ele propõe, devem ser resgatados e trazidos à tona pela esquerda por meio de uma “revolução midiática”.

Mas antes de passar alguns detalhes a mais sobre a reflexão de Serrano, que transcreverei abaixo, penso ser interessante falar sobre a segunda parada interplanetária: o site CONTROVÉRSIA, que surgiu como blog.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Editoria Jornalismo na Correnteza

*Favela Dona Marta: “Vendo assim de fora, está bom”*

Quem afirma é uma mãe, subindo o morro com seus filhos recém-saídos da escola.  Embora more na favela, ela acrescenta: “a gente não sabe como está por aí”... e faz um gesto amplo com a mão, tentando abranger toda a favela.


*Ana Lúcia Vaz


Quinta-feira, dia 18, moradores da favela Santa Marta, em Botafogo, com o apoio de várias ONGs de direitos humanos, lançaram a “Cartilha popular do Santa Marta: Abordagem Policial”. Um caderninho em tamanho de bolso, com algumas instruções como: “Os (As) policiais não podem gritar com você ou te xingar de ladrão(a), vagabundo(a), piranha etc. Isso é crime de injúria, difamação, calúnia e mesmo abuso de autoridade. Se te chamar de ‘PRETO safado’ estará cometendo crime de injúria racial. Ninguém pode te tratar como suspeito por causa da cor da sua pele ou da sua origem.”

       Ana Claudia, uma das organizadoras da cartilha.

Visto assim de fora, parece óbvio. Mas para os moradores do Santa Marta, a primeira favela “pacificada” pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, são direitos que ainda estão por ser conquistados. O direito de serem tratados como cidadãos e não como ameaça pública.

É confortável fazer reportagem numa favela “pacificada”. Durante o dia, a polícia nos recebe simpática, na entrada. Subi tranqüila, sabendo que não ia ser surpreendida por um tiroteio, não ia cruzar com um guarda do tráfico, nem com o caveirão. 

“As pessoas têm um sentimento de agradecimento. Não tem mais tiroteio, podem deixar os filhos na rua, isso é bom”, explica Cleiton Pereira. Mas, visto de dentro, o medo se apresenta. 

Cleiton explica que a rotina dos jovens que saem de noite é combinar de subirem junto, com medo da abordagem policial. “De madrugada a abordagem é muito pior”. “Se você põe uma bermuda, um boné, pra frente ou pra trás, eles (os policiais) já te param mandando por a mão na parede.” A quadra da escola de samba, está interditada. As festas, em qualquer lugar, vigiadas. “Eu às vezes trabalho com som, em festa”, explica Cleiton. “A polícia fica lá, do lado de fora, controlando. Daí, quando toca um funk, mandam tirar: ‘eu não gosto de funk’!”, é o argumento do policial, segundo Cleiton, que explica,logo em seguida, que ele não usa funk proibidão, nem apelativo... “Só toco funk *light*”.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

Assistentes Sociais de todo o mundo, uni-vos!


*Mione Sales


Para quem foi ao Seminário do Congresso da Virada em novembro em São Paulo (2009) deve ter escutado muito falar nesta sigla, ANAS, que nomeava a paradigmática associação dos assistentes sociais brasileiros, a qual fez história no final dos anos 70 e ao longo da década de 80 no Brasil. Nesse caso, trata-se da ANAS francesa, cujo link (http://anas.travail-social.com/) socializamos aqui com os colegas brasileiros em homenagem ao Dia Mundial do Serviço Social, comemorado no dia 16 de março. Esta não poderia, claro, deixar de ser uma “profissão pisciana”!, para quem entende do assunto.

Desde final dos anos 90, o Serviço Social brasileiro, através do Conjunto CFESS/CRESS, reatou laços com a Federação Internacional do Trabalho Social / FITS (IFSW), com vistas a participar dos debates em cenário mundial sobre os desafios da profissão. O quadro posterior de aceleradas movimentações sociais, políticas e econômicas decorrentes da mundialização provou que foi uma decisão correta, que teve como um dos seus frutos a realização pela primeira vez no Brasil de um Congresso Mundial de Serviço Social, em Salvador/Bahia, 2008. Como dizem os versos de Milton Nascimento, “se muito vale o já feito, mais vale o que será ! »

Penso que o mote da comemoração da profissão em 2010, a cabo da FITS, de « tornar reais os direitos humanos » é um bom elo de debates e disputas entre concepções distintas de profissão e mesmo sobre Direitos Humanos no Brasil, na América Latina e no mundo. Fica aqui o convite, então, para que visitem a página da Associação Francesa. Conheçam também a página da FITS (IFSW) e circulem pelas páginas dos CRESS e CFESS, para que tenham noção da multiplicidade de temas sociais com os quais estamos envolvidos e dos desafios que comportam.

Este é um convite extendido inclusive àqueles nossos leitores que não são profissionais de Serviço Social, mas têm curiosidade sobre o que faz essa rica e ampla categoria nacional e internacional.

Reproduzimos abaixo matéria divulgada no site do CFESS sobre esse dia, para uma compreensão mais completa do seu significado.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Editoria Caleidoscópio Baiano

DESAFIOS DA INCLUSÃO SÓCIO-DIGITAL



Claudia Correia


De 15 a 17 de março, acontece em Salvador a III Conferência Estadual de Ciência e Tecnologia, com a participação de cerca de mil delegados. Promovida pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação -SCTI, a conferência traz como tema central “Ciência, Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade Ambiental”.

No discurso oficial por aqui predomina a tese de que “a Bahia só conseguirá reduzir as desigualdades sociais e oferecer melhores condições de vida a todos os baianos se conseguir alcançar um grau de desenvolvimento sustentável, com equilíbrio ambiental e o emprego de ciência e tecnologia como ferramentas inovadoras e de inclusão.”

Esta propagada “inclusão sócio-digital” tem sido o carro chefe de muitos programas governamentais, em todas as esferas. Na era das novas tecnologias da comunicação e das antigas desigualdades sociais, este é de fato um tema relevante. Por outro lado, ainda não percebo resultados efetivos ou mesmo uma articulação entre ações de políticas públicas setoriais afins como Educação, Trabalho, Assistência Social, Cultura e Saúde. O desafio de reverter os péssimos indicadores sociais na Bahia e no Brasil requer mais do que discursos bem intencionados. Orçamento, avaliação e monitoramento de resultados, controle social e intersetorialidade são fundamentais para a eficácia de programas nesta área.

Na Bahia foram implantados mil Centros Digitais de Cidadania-CDC, espalhados nos 417 municípios. O programa possibilita uma média de sete milhões de acessos à internet por ano e é considerado pelo governo estadual estratégico para democratizar o acesso à comunicação. Os CDCs utilizam softwares livres desenvolvidos especificamente para atender às necessidades do programa.

domingo, 14 de março de 2010

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta

LOUISE BOURGEOIS:
A escultura da dor

Mione Sales*

                                             A escultora francesa Louise Bourgeois  

Para encerrar essa semana de comemorações no Brasil e no mundo dos 100 anos do 08 de março, escolhi falar de um ângulo especial, dentro e fora da alma das mulheres, ou seja, da arte no feminino, em homenagem às mãos quase centenárias da escultora Louise Bourgeois. Sua obra retrata a imensidão da dor que pode habitar a intimidade das mulheres, não importa de que classe social. Coisas da subjetividade feminina - pertinentes às complexas e delicadas relações de gênero -, flagradas entre os “ditos e não ditos” do cotidiano a dois e em família.

A violência experimentada pelas mulheres, portanto, não se consuma apenas em atos concretos de agressão física, como as previstas pela louvável Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), que comemorará em agosto de 2010 quatro anos. A violência por vezes cala mesmo é fundo na alma. Inscreve-se no âmbito conjugal e familiar. Sutil ou cínica, fere, mais que as mulheres envolvidas, as crianças que participam de um universo doméstico ambíguo, permeado por um litígio silencioso.

Foi do fundo do pote de uma mágoa paterna assim que brotou boa parte da preciosa obra da artista plástica e escultora Louise Bourgeois. Seu trabalho em tecido, metal, gesso, mármore e cobre é um grito feminino de revolta que atravessa gerações e fronteiras.

                           Louise Bourgeois, “Cumul I/Cúmulo I”, 1969.

Nascida na França, em 1911, Louise Bourgeois é considerada um dos maiores expoentes mundiais da escultura do século XX. Ela é filha de uma família burguesa de tecelões, oriunda da pequena cidade de Choisy-le-Roi. Seu pai restaurava tapetes e também os vendia. Louise B. vai participar da pequena oficina e cedo se iniciará nos desenhos e fios. Mais tarde, sua arte vai exprimir, da mesma maneira, um lento e laborioso trabalho de restauração e reparação dos estragos pessoais provocados pelas atitudes machistas do pai. Para ela, o cúmulo – nome de uma das múltiplas peças por ela criadas – será o convite paterno feito a uma amante, disfarçada de preceptora e governanta, para habitar com a família Bourgeois. Essa é apenas uma amostra do ambiente de dissimulação com o qual a pequena Louise teve que se deparar, quando criança. A experiência da feminilidade traída e humilhada de sua mãe deixará marcas indeléveis na sua história de vida, além de uma referência paterna comprometida.

sábado, 13 de março de 2010

Editoria Jornalismo na Correnteza

E se o Ezequiel fosse meu filho?

Ana Lúcia Vaz


Contra qualquer texto que tente duvidar da satanização de Ezequiel, parece haver um argumento considerado indiscutível: “E se o João fosse o seu filho, você teria as mesmas opiniões?” No blog da Rede Nacional de Jornalistas Populares (www.renajorp.net) recebemos esse comentário. Continha esta única frase, como se ela se bastasse.




A tragédia de João Hélio é uma dessas histórias dramáticas com a qual todos nos sensibilizamos, querendo ou não. A mãe de Ezequiel chorou por João Hélio. A morte nos revolta, pela nossa impotência diante dela. A morte violenta de uma criança fere ainda mais fundo. Em vazios de outras perdas. E, entre os vários sentimentos que nos torturam, nos momentos de perda, um dos piores é a sensação de impotência diante da morte.

Esse sentimento comum nos permite sofrer em solidariedade à dor do outro, que reacende nossas próprias dores. Quando esta morte é causada por outra pessoa, podemos nos iludir, acreditando transformar a impotência em ódio e vingança. Continuamos impotentes, porque nenhuma punição reverte a morte ou ameniza a dor.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Editoria Estranha Semelhança com a Utopia

A mídia e as datas comemorativas: reflexões potencialmente antipáticas...


Recebi, nas últimas duas semanas, dois e-mails diferentes. Em ambos, a mesma sugestão: pensar em um presente para uma data especial que vinha chegando. Tomei um susto quando vi que a data em referência era o dia 08 de março. Isso mesmo: as sugestões eram de presentear alguém pelo Dia Internacional da Mulher... Meio saudosista, me lembrei de alguns anos atrás. Não faz muito tempo, as que comemoravam a data eram tidas como feministas, radicais, queimadoras de sutiãs e outros adjetivos pretensamente pejorativos. Pouco tempo depois, com a popularização da data por tantos lutadores, o mercado já começa a disputá-la como um novo aquecimento do comércio, anteriormente às “festas da páscoa”.

Mesmo na TV aberta é possível encontrar recentemente propagandas com a mesma temática. Em princípio, sua edição presta “homenagens” à mulher, pelo seu carinho, seu afeto, sua versatilidade de mãe, mulher, trabalhadora, esposa e tantos outros papeis (exceto o da luta, óbvio). Mal disfarçados, logo depois quem assume as homenagens são redes de perfumes, cosméticos ou algum produto voltado para o público feminino.


Che Guevara, o revolucionário argentino de papel decisivo, com Fidel Castro, na revolução cubana de 1959, também foi objeto de recente popularização. Redes internacionais de lojas, como a holandesa C&A, passaram a produzir camisetas com a famosa foto de autoria de Alberto Korda. É bastante comum encontrarmos, atualmente, nas ruas, camisetas com diversos motivos e referências a Che. A pergunta que caberia é se as pessoas sabem as razões pelas quais estas datas e figuras são comemoradas ou imortalizadas.

sexta-feira, 5 de março de 2010

ESPECIAL FÓRUM SOCIAL MUNDIAL - 10 ANOS

Fórum Social Mundial, 10 anos questionando o capitalismo
                                                       
                                                 
Foto: Walter Fagundes Ag. AL

Nelma Espíndola


Mesmo que não tenhamos feito à época, uma exposição acerca do Fórum Social Mundial (FSM) – 10 Anos – Grande Porto Alegre, nós não deixamos de acompanhar o transcurso do evento.

O Fórum aconteceu no Rio Grande do Sul, em sete de suas cidades: Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapiranga, com a reunião de 35 mil pessoas, em 915 atividades, realizadas entre os dias 25 a 29 de janeiro de 2010.

Aproveitamos para repercutir alguns destaques que foram feitos no último dia do evento, com base em matéria feita por Claudia Paulitsch – AL/RS.

Conforme um dos coordenadores do FSM e representante da CUT, Celso Woyciechwoski, houve a participação de 39 países e, dos presentes, 60% eram mulheres. Outro dado expressivo de participação foi a dos jovens, num percentual de 27%.

Esses dados foram apresentados por Woycienchwoski na mesa para avaliação, no Teatro Dante Barone na Assembléia Legislativa em 29 de janeiro de 2010. Segundo ele a participação da sociedade no FSM, foi expressiva, o que retratou ao mundo a existência de construções coletivas de todas as ordens para a busca de um mundo melhor.

Na sua avaliação, o FSM -10 Anos foi positivo. Ele levou em conta não só o número de participantes e de atividades, mas as temáticas por lá discutidas tais como: educação, meio ambiente, cultura, economia solidária, democracia, direitos humanos, dentre outras.

Ainda na avaliação de Woycienchwoski, essa expressiva participação de jovens demonstrou o engajamento deles nas transformações sociais e econômicas de que o mundo precisa. Através do evento, ficou demonstrada, mais uma vez, a necessidade de construção de políticas que garantam igualdades entre homens e mulheres.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Editoria Caleidoscópio Baiano

Fotos: Divulgação

Claudia Correia


Dia 24 de março comemoramos em Salvador o terceiro aniversário do jornal “Aurora da rua”(http://www.auroradarua.org.br/).

É uma experiência inovadora que reúne voluntários leigos, agentes pastorais, assistentes sociais, jornalistas, estudantes e pessoas em situação de rua. O projeto gráfico é criativo e o conteúdo rico e acessível.

A idéia surgiu em torno da comunidade da Trindade, próximo à Igreja da Trindade, no comércio de Salvador. O objetivo era acolher as pessoas, apoiar seus projetos de vida, a geração de renda, a busca por alternativas de sobreviver longe das ruas.

Assim como outros “jornais de rua” ou experiências como Revista Ocas, abordada aqui no artigo de Nelma Espíndola na Editoria Web@Tecno , o trabalho sócio-educativo envolve a realização de oficinas de texto e fotografia, discussão em grupos sobre cidadania e temas de interesse comum e a organização de uma cooperativa de produção e venda dos jornais. Do custo final de cada exemplar, vendido nas ruas da cidade a R$1,00, 75% fica para o vendedor. Em alguns casos, essa renda já permite o aluguel de uma moradia, o retorno à família, a retomada da vida social ou o tratamento da dependência química. Poucos conseguem um emprego formal a curto prazo mas o gerenciamento dos recursos já proporciona uma experiência interessante em grupo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Editoria Efeito Quixote

Ações afirmativas: Uma discussão muito além das cotas...


Leandro Rocha


Nos dias 3 a 5 de março deste ano será realizada em Brasília uma audiência pública para discussão das políticas de ação afirmativa de reserva de vagas no ensino superior brasileiro. O assunto é polêmico e de extrema importância quando se analisam seus impactos socioculturais e econômicos, merecendo não só um olhar apurado, como também uma postura que não perca o foco na defesa dos direitos humanos.

Como o próprio nome já diz, esta audiência terá como objetivo a discussão específica sobre a questão da reserva de vagas no ensino superior, coloquialmente conhecida como “política de cotas”. No entanto, é impossível discutir esta questão sem retomar o conceito de ações afirmativas, bem como o papel das “cotas” neste contexto.

Qual seria definição correta para o termo “ações afirmativas”? O que na verdade seriam tais ações? As ações afirmativas na verdade são medidas especiais e temporárias cujo objetivo é superar desigualdades historicamente presentes na sociedade. Desta forma, o que se pretende com a adoção de dessas ações é a garantia de oportunidades a todos aqueles que, numa sociedade capitalista e segmentária, encontram dificuldades no acesso a seus direitos, quer seja por motivos étnicos, religiosos, de gênero, entre outros.

terça-feira, 2 de março de 2010

Editoria Jornalismo na Correnteza

João Hélio X Ezequiel: um enredo jornalístico
  
Reprodução Google 

              







                      
                   





Ana Lucia Vaz

Embrulha o estômago ler as matérias e comentários publicados nos últimos dias, nos jornais e sites da mídia comercial, sobre a libertação de Ezequiel Toledo de Lima, um dos condenados pela morte do menino João Hélio. Não foi diferente há três anos, quando o menino morreu, arrastado pelo carro roubado de sua mãe, preso ao cinto de segurança. A mídia comercial correu para transformá-lo em mártir, a favor de sua própria causa (os mártires são úteis exatamente porque não podem contestar os significados que os vivos decidem atribuir-lhes): a defesa da redução da maioridade penal.

Os rapazes que conduziam o carro que matou João Hélio transformaram-se em monstros nas matérias jornalísticas, sob os aplausos entusiasmados de boa parte da população brasileira. Como sempre acontece, em momentos de comoção, em que a correnteza do discurso dominante se impõe com demasiada violência, as vozes em contrário apareceram, mas eram tímidas, defensivas, acuadas. Defender o Estatuto da Criança e do Adolescente, falar em recuperação social de criminosos, naquele momento, era como enfrentar de frente uma tsunami.

Três anos depois, termina o período de reclusão do então adolescente que participou do crime e a mídia, de novo estimulada por um público sedento de sangue, retoma sua campanha pela redução da maioridade penal. E abre o caminho para outra, ainda mais perversa, manifestada nos comentários dos leitores: a defesa da pena de morte.


Para agradar o consumidor

A mídia comercial não utiliza a morte brutal de João Hélio apenas para alimentar sua campanha pela redução de direitos sociais. O crime gera tanta notícia porque vende jornal! Ao interesse político soma-se o interesse comercial.

O jornalismo comercial estuda o perfil consumidor do seu público. Interessa o que o sujeito compra. O que faz com o que compra não interessa muito. Do último jogo do campeonato de futebol aos rastros de sangue deixados pelo corpo de uma criança, o foco central do trabalho diário do jornalista da mídia empresarial é produzir informação que venda jornal. O resultado social pode ser negativo, como o pânico alimentado pela espetacularização da violência, ou a apatia social diante de centenas de denúncias de corrupção pouco investigadas.

Dois requisitos fundamentais se combinam na produção da notícia comercial. Para agradar o consumidor, é preciso manter-se o mais próximo possível do senso comum, garantindo identificação do público com a notícia. Ao mesmo tempo, é preciso surpreender diariamente o consumidor. Como, sem escapar do senso comum?